Em artigo na Folha, diretor do Instituto Socioambiental critica projeto que prevê 1 milhão de hectares a menos em Unidades da Conservação
Ex-presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Márcio Santilli prevê o “esquartejamento definitivo” da Amazônia caso a sociedade não responda aos projetos, no Congresso e no Executivo, que afetam diretamente o bioma. Ele se refere especificamente a um projeto – acertado com o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha – que retira 1 milhão de hectares de cinco unidades de conservação criadas no fim do governo Dilma Rousseff.
Santilli é diretor do Instituto Socioambiental. Foi deputado federal pelo PMDB, nos anos 80. O artigo “Amazônia esquartejada“, publicado neste domingo na Folha, lembra que o projeto apresentado a Padilha por deputados e senadores do Amazonas extingue a Área de Proteção Ambiental de Campos de Manicoré e diminui as áreas do Parque Nacional de Acari, da Reserva Biológica de Manicoré e das Florestas Nacionais de Urupadi e Aripuanã.
Segundo Santilli, 80% dos casos de desmatamento na Amazônia ocorrem em até 30 quilômetros das estradas pavimentadas. As florestas de Urupadi e Aripuanã ficam ao longo das BRs 230 e 319, no sul do Amazonas. Ele escreve que os últimos governos vêm reduzindo a extensão das áreas de conservação (federais e estaduais) na Amazônia, “liberando áreas que ficam à mercê de invasões, desmatamento e grilagem”.
O ambientalista diz que estão se abrindo fendas “transversais, contínuas e expansivas” na região, de sul para norte e de leste para oeste, “projetando um cenário de esquartejamento definitivo da floresta”. Uma das consequências seria o impacto nos padrões de distribuição de umidade. Ou seja, nas chuvas “que suprem as principais regiões agrícolas e metropolitanas do Brasil e dos países do Cone Sul”.