De Olho nos Ruralistas fez levantamento da agenda diária do ministro, disponível nos últimos seis meses; idas para seu estado costumam ser às segundas e sextas
Por Alceu Luís Castilho
Entre 27 viagens nacionais feitas pelo ministro da Agricultura, nos último seis meses, 9 foram para seu domicílio eleitoral, o Mato Grosso. Senador licenciado (PP-MT), Blairo Maggi tem uma agenda de deslocamentos que lembra a dos parlamentares. Sete dessas nove viagens ocorreram às segundas e sextas-feiras, portanto próximas do fim de semana. No caso das 18 viagens para outros estados, a proporção se inverte: cinco delas ocorreram às segundas ou sextas; duas nos fins de semana.
O levantamento foi feito pelo De Olho nos Ruralistas. A agenda oficial do ministro só disponibiliza os dados dos últimos seis meses. Não foram consideradas viagens que não estivessem na agenda oficial. No sábado ele esteve em Esteio (RS), na abertura da 40ª Expointer, mas a viagem ainda não consta da agenda divulgada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Na última quinta-feira Maggi esteve na Fazenda Alvorada, em Cristalina (GO), acompanhando pesquisas da Embrapa sobre o grão-de-bico. Na semana anterior prestigiou a Festa do Peão, em Barretos (SP). São Paulo, com cinco destinos (em uma das viagens ele visitou Ribeirão Preto e Jaboticabal), e o Paraná, com quatro destinos, foram os outros estados mais visitados. A maior parte dessas viagens foi para eventos de expressão nacional ou internacional.
AGENDA DE SENADOR
No caso do Mato Grosso, o ministro prestigiou muitos eventos regionais. No dia 18, por exemplo, esteve no Encontro Regional de Agricultura de Barra do Garças. Um mês antes, em evento similar em Alta Floresta. Em uma dessas viagens ele esteve acompanhado do presidente Michel Temer, pela primeira vez no Mato Grosso desde que assumiu a Presidência. Eles foram inaugurar uma usina de etanol que pertence a um aliado do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump: “Temer inaugura, no MT, usina de etanol que pertence a conselheiro de Trump“.
Uma dessas viagens, em março, foi para prestigiar a posse do atual procurador-geral do Estado, Mauro Curvo. Foi quando Maggi assumiu que quer disputar a Presidência. Seis meses depois o quadro político mudou muito. Na semana passada, o ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal, abriu inquérito para investigar uma organização criminosa que funciona na alta cúpula do governo do Mato Grosso. O ex-governador Silval Barbosa diz que o ministro da Agricultura, que também foi governador do estado, era o chefe desse esquema de corrupção.
O ministro também fez viagens internacionais nos últimos seis meses. Em julho esteve em Roma, na Itália, onde defendeu a carne brasileira em discurso na 40° Conferência da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO). Fez também uma viagem para os Estados Unidos, também em julho, outra para a Argentina, em abril, e, em maio, um tour pelo Oriente Médio, na Arábia Saudita, no Kuwait e nos Emirados Árabes Unidos.
PELO BRASIL
O ministro visitou, desde fevereiro, 11 estados. Em toda a região Nordeste, ele esteve apenas na Paraiba, nesse período de seis meses, para a Festa de São João de Campina Grande. Na região Norte ele visitou duas capitais no mesmo dia, Rio Branco e Porto Velho. Na região Sudeste o ministro esteve em Minas Gerais, uma vez, e cinco vezes em São Paulo. Em uma delas a principal atividade era uma entrevista ao Programa do Ratinho, no SBT. Nas regiões Sul e Centro-Oeste ele esteve pelo menos uma vez em cada Unidade da Federação.
No dia 21 de março, após o estouro da Operação Carne Fraca, Maggi esteve no Paraná, pivô das investigações sobre um esquema de corrupção envolvendo frigoríficos e a fiscalização do Ministério da Agricultura. Nesse dia ele visitou um frigorífico da Seara em Lapa, na região metropolitana de Curitiba. Dois dias depois ele foi para Rio Verde, em Goiás, visitar a BRF. As duas empresas são investigadas na Carne Fraca.
OUTRO LADO
O observatório solicitou, do Ministério da Agricultura, a agenda dos meses anteriores a fevereiro. E aguarda resposta da pasta sobre as viagens do ministro.