Com 70 assassinatos em 2017, conflitos no campo voltam aos patamares de 14 anos atrás

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Ataques hackers contra CPT atrasaram relatório; aumento de 15% em relação ao ano anterior e novos massacres confirmam escalada da violência, que dobrou em quatro anos

A Comissão Pastoral da Terra (CPT) divulgou nesta segunda-feira (16) os dados completos do relatório anual “Conflitos no Campo Brasil”, referente aos assassinatos ocorridos em 2017. Com 70 mortes, o número é o maior desde 2003. Feita anualmente pela CPT, a publicação dos dados atrasou por causa de ataques hackers que o site da entidade vem sofrendo.

A escalda da violência continua aumentando desde 2013. Houve um aumento de 15% nos mortos em relação a 2016. A publicação destaca quatro massacres ocorridos nos estados da Bahia, Mato Grosso, Pará e Rondônia e ressalva a suspeita de massacre contra os indígenas isolados conhecidos como “índios flecheiros”, do Vale do Javari, no Amazonas, entre julho e agosto do ano passado. Este último teria tido mais de 10 vítimas. Mas como não houve um consenso entre o Ministério Público Federal no Amazonas e a Fundação Nacional do Índio (Funai), o caso não foi inserido no levantamento.

A publicação constatou que os assassinatos de trabalhadores rurais sem-terra, de indígenas, quilombolas, posseiros, pescadores, assentados, entre outros, teve um aumento brusco nos últimos dois anos. O estado do Pará continua a liderar o ranking dos estados onde mais se matam por conflitos de terra, com 21 assassinatos. Foi lá que aconteceu para o massacre de Pau D’Arco, com 10 mortes. Em seguida vêm Rondônia, com 17 assassinatos, e Bahia, com 10.

O número de massacres também aumentou. Dos 70 assassinatos em 2017, 40% correspondem a massacres. Ou seja, 28 mortes. No ano passado, a CPT lançou uma página especial na internet (https://cptnacional.org.br/mnc/index.php) para acompanhar os massacres registrados entre 1985 e 2017. No total, foram 46 massacres com 220 vítimas ao longo desses 32 anos. No site é possível ver o histórico e consultar as imagens de cada caso. O Pará lidera o ranking com 26 massacres, que vitimaram 125 pessoas.

O Norte é a região com mais assassinatos, registrando 658 casos e 970 vítimas. O Pará lidera com 466 casos e 702 vítimas. O Maranhão vem em segundo lugar, com 168 vítimas em 157 casos. Em seguida vem Rondônia, com 147 assassinatos em 102 casos. Todos os dados podem ser visto nesta tabela.

A impunidade é um dos motivos mais delicados e motivadores da violência no campo. Entre 1985 e 2017 a CPT registrou 1.904 assassinatos. Deste total, apenas 8% (113) foram julgados, onde 31 mandantes dos assassinatos e 94 executores foram condenados.

ATAQUES NO CAMPO E NA INTERNET

Em 2017, ataques hackers atrapalharam o trabalho da Secretaria Nacional da CPT, em Goiânia (GO). Os ataques, segundo a entidade, foram direcionados a setores estratégicos dos servidores que armazenavam os dados, comprometendo o desempenho na apuração do relatório. Para a CPT esses ataques fazem parte de um “processo de criminalização empreendido contra organizações e movimentos sociais de luta”. Os ataques foram denunciados às instâncias policias competentes. (Cauê Seignemartin Ameni)

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