Campanha de financiamento do observatório tem grande adesão de professores universitários; eles destacam as reportagens investigativas e os boletins diários
Três meses após o início da campanha de assinaturas do De Olho nos Ruralistas, pesquisadores estão entre os que mais têm divulgado o projeto. A campanha #DeOlhoNosMilParceiros busca atingir a meta de mil doadores. Em troca, entre outras recompensas, recebem boletins com notícias diárias referentes ao agronegócio, ambiente, conflitos e alimentação. (assine aqui)
A quantidade de pesquisadores e professores entre os assinantes se destaca. Para entender o que esse público encontra no observatório pedimos que explicassem por que assinam e qual a importância do De Olho nos Ruralistas para suas pesquisas. Seguem abaixo suas respostas:
Marco Antonio Mitidiero Junior, Professor do Departamento de Geociências da Universidade Federal da Paraíba (UFPB):
“O De Olho nos Ruralistas é uma importante fonte de informação para aqueles que pesquisam ou se interessam pela chamada ‘questão agrária brasileira’. Na verdade, o site facilita a vida de um pesquisador interessado em acompanhar as ações do agronegócio, seu comportamento na vida política brasileira por meio do seu braço parlamentar (Bancada Ruralista) e os conflitos territoriais decorrentes da expansão do agronegócio em todos os estados da federação. As reportagens investigativas, as informações, as análises rigorosas e as denúncias reunidas no site são um ‘prato cheio’ para aqueles estudiosos que analisam criticamente as questões sociais e ambientais, as disputas por terra encampadas pelos camponeses sem terra, índios e quilombolas e a violência e impunidade no campo decorrentes do domínio da velha oligarquia rural sob o território nacional. O De olho nos Ruralistas, por reunir todas essas informações, é algo pioneiro no jornalismo especializado em acompanhar a questão agrária. Por isso, o site é um patrimônio para os pesquisadores da área, um projeto que deve ser defendido e apoiado de forma coletiva.”
Eunice Ostrensky, Professora de Teoria Política Moderna no Departamento de Ciência Política da Universidade de São Paulo (USP):
“Assino De Olho nos Ruralistas porque considero o agronegócio pouco discutido nas mídias mais conhecidas. Trata-se de um assunto que as grandes mídias tendem a mostrar apenas da perspectiva do desenvolvimento econômico, negligenciando-se as relações sociais de forças que se impõem no campo. Neste caso, penso também apenas nas relações trabalhistas e utilização de trabalho escravo, no esmagamento dos pequenos produtores e sem-terras, no forte avanço sobre as já restritas áreas de proteção ambiental e demarcadas. O De Olho nos Ruralistas permite tornar públicas essas questões e estabelecer algum tipo de controle sobre os agentes responsáveis por essa atividade.”
Igor Fuser, Professor do Bacharelado em Relações Internacionais da Universidade Federal do ABC (UFABC) e do curso de Pós-Graduação em Energia, também da UFABC.
“Se for possível isolar um único problema como a principal causa da desigualdade social no Brasil ao longo da história, esse problema é a brutal concentração da propriedade da terra, o latifúndio, que hoje se chama agronegócio e permanece na raiz de boa parte das injustiças da atualidade. O projeto De Olho nos Ruralistas é um instrumento de defesa do povo brasileiro contra o poder dos senhores de terras.”
Mariana Miggiolaro Chaguri,Professora do Departamento de Sociologia da Unicamp e coordenadora do Centro de Estudos Rurais da Unicamp:
“Assino o De Olho nos Ruralistas para não perder as principais atualizações e informações de temas ligados à dinâmica social e política em torno do Agronegócio no Brasil. O projeto é indispensável para o levantamento de fontes e informações que ajudam a qualificar o debate público, bem como a colocar em circulação um amplo conjunto de temas e problemas cruciais para entender os impasses do Brasil contemporâneo.”
Dr. Clifford Andrew Welch, Professor da História Contemporânea do Brasil na Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp)
“Sou um pesquisador da história do Brasil contemporâneo, especialmente a história social do campo. É difícil escrever da história de ontem, mas em minha área, já dá para analisar a história de alguns anos atrás. Jornalismo é uma fonte importante da informação que preciso desta história e junto com seu grupo, acredito que os ruralistas são super importantes para entender a história profunda e recente do Brasil. Quando li que estavam precisando de apoio financeiro, resolvi contribuir. Fariam muito falta as reportagens de vocês. Me ajudam a acompanhar desenvolvimentos de hoje em dia e, já em cinco anos, vou usar as matérias para escrever a história de nossos tempos. Também como cidadão é muito importante ficar de olho nestes ruralistas. Eles têm poder e influência bem além de seu número. Para poder avaliar os eventos políticos e econômicos a perspectiva traz muitos sacados. Gostei também de visualizar vocês lá em Brasília fiscalizando os latifundiários e o agronegócio.”
Nina Laranjeira, Professora e Pesquisadora da Universidade de Brasília (UnB).
Diretora do Centro de Estudos do Cerrado da Chapada dos Veadeiros, sediado em Alto Paraíso de Goiás.
“Assino, em primeiro lugar, para me manter informada, já que a mídia convencional nos informa, sobre as questões que o De Olho foca, de forma a atender a interesses econômicos. O boletim que recebo, com extensa pesquisa sobre notícias de mídias alternativas, eu levaria um enorme tempo para encontrar. Assim, prestam um importantíssimo serviço para colaborar com a mudança necessária em nossa sociedade. Em segundo lugar, em função da importância das temáticas abordadas. Porque vivemos um momento muito sério da vida do planeta, e que no Brasil se reflete como uma enorme crise política e social, mas que nos mostra a necessidade de mudança de paradigma e de valores. Entretanto, a mídia teima em negligenciar e trabalhar para manter o status quo, porque o modelo velho, que precisa ser superado, atende a grandes interesses econômicos.”
A professora Nina complementa: “Trabalhos alternativos como esses prestam serviço ao país no sentido de levar informação consistente às pessoas e reverter o quadro de inverdades que presenciamos diariamente na mídia”.