A trajetória de mulheres camponesas, indígenas e quilombolas compõe nova seção do observatório, com retratos de resistência feminina no campo, na luta por territórios e direitos; muitas delas foram mortas a mando de latifundiários
De Olho nos Ruralistas inaugura uma série sobre heroínas brasileiras: De Olho na História trará, a cada semana, o retrato de uma mulher que ousou enfrentar poderosos e desafiar costumes para conquistar igualdade de gênero, liberdade, respeito e direitos trabalhistas, defender territórios e a identidade de seu povo.
Um dos maiores exemplos dessas mulheres é Margarida Maria Alves, camponesa de Alagoa Grande, na Paraíba, que morreu, em 1983, com um tiro no rosto por defender direitos de trabalhadores rurais da Usina Tanques. É ela quem abre a galeria de perfis: “De Olho na História (I) — Margarida Maria Alves: ‘Da luta não fujo’“.
Por sua trajetória, Margarida tornou-se um símbolo da luta da mulher camponesa: enfrentou um contexto extremamente machista e patriarcal e tornou-se presidente do sindicato rural de Alagoa Grande em plena ditadura. Lutou contra latifundiários poderosos, protegidos por políticos, e venceu muitas batalhas. Ameaçada de morte algumas vezes, jamais abriu mão do seu direito de lutar.
Sua força é tanta que ela dá nome à Marcha das Margaridas, uma ação que ocorre a cada quatro anos, desde 2000, e reúne milhares de camponesas, trabalhadoras rurais, indígenas e quilombolas em Brasília, em viagens – algumas bastante longas – feitas a partir de vários pontos do país.
Entre outras heroínas, De Olho na História homenageará a líder quilombola Dandara dos Palmares, um símbolo da luta contra a opressão imposta aos negros; a missionária americana Dorothy Stang, ativista ambiental no Pará, assassinada em 2005; e Elizabeth Teixeira, camponesa e militante das Ligas Camponesas da Paraíba juntamente com o marido João Pedro Teixeira, assassinado em 1962.
Foto principal: Primeira Marcha das Margaridas, em 2000 (Cláudia Ferreira/Contag).