UOL, BBC, O Globo, AFP, O Eco, Alai e Repórter Brasil, entre outros veículos, destacaram os casos de empresas envolvidas em conflitos territoriais; publicação assinada por Apib e Amazon Watch teve boa parte da pesquisa feita pelo De Olho nos Ruralistas
Por Mariana Franco Ramos
A BBC Brasil, os portais UOL, O Globo e O Eco – Jornalismo Ambiental, o Correio de Carajás, a Repórter Brasil, a Agência France-Presse (AFP) e a América Latina en Movimiento, da Agencia Latinoamericana de Información (Alai), entre outros veículos nacionais e internacionais de imprensa, repercutiram a publicação da terceira edição do relatório “Cumplicidade na Destruição III: como corporações globais contribuem para violações de direitos dos povos indígenas da Amazônia brasileira“.
O observatório produz um material próprio a partir da pesquisa realizada para o relatório — e que não necessariamente entraram no documento final. A primeira reportagem da série “Fúria Cadastral”, iniciada ontem, mostra registros de propriedades sobrepostos em até 100% dos territórios ancestrais: “Terras em 297 áreas indígenas estão cadastradas em nome de milhares de fazendeiros“.
O documento “Cumplicidade na Destruição” reúne onze casos de empresas brasileiras envolvidas direta ou indiretamente em conflitos territoriais e suas respectivas cadeias de compradores e financiadores estrangeiros. Eles também compõem a série “Fúria Cadastral”. Confira, por exemplo, esta reportagem de Poliana Dallabrida: “Cargill compra soja de fazendas sobrepostas a território indígena em Santarém (PA)“.
Além do grupo estadunidense, compõem o relatório as mineradoras Vale, Anglo American e Belo Sun; as empresas do agronegócio JBS e Cosan/Raízen; e as companhias de energia Energisa Mato Grosso, Bom Futuro Energia, Equatorial Energia Maranhão e Eletronorte.
Leia mais sobre o lançamento do relatório neste texto: “De Olho nos Ruralistas estreia série sobre avanço de empresas e bancos contra terras indígenas“.
O colunista Rubens Valente, do UOL, foi quem saiu na frente e pautou boa parte dos demais veículos. Ele citou os conflitos nos quais as atividades (diretas ou indiretas) de uma empresa ameaçam as terras indígenas e/ou violam os direitos dos povos indígenas na Amazônia brasileira. Valente foi um dos que registraram o trabalho do observatório para formar a base de dados, a partir de 797 casos que correm na Justiça.
A Repórter Brasil contou que o De Olho nos Ruralistas foi o responsável pelo cruzamento de dados de violações, colhidos a partir de entrevistas com associações e indígenas de todo país, e pelo levantamento de processos judiciais, com informações da cadeia produtiva, investidores internacionais e compradores.
O lançamento do relatório foi noticiado ainda pela AFP, que distribui conteúdo para 151 países, em seis idiomas. A Global Times foi um dos sites que publicou o material. Nem todos os veículos deram crédito a quem fez a pesquisa — apenas às duas instituições que assinaram o documento.
A BBC deu destaque aos bancos e fundos estrangeiros que investiram em empresas acusadas de violar os direitos dos povos indígenas. Seis instituições financeiras dos Estados Unidos investiram mais de US$ 18 bilhões (cerca de R$ 101 bilhões na cotação atual) desde 2017 em nove companhias acusadas de impactar negativamente os povos originários. A reportagem de Mariana Schreiber foi reproduzida em outros veículos, como Época Negócios, Terra e BOL.
O mapeamento também foi mencionado na reportagem “Estudo revela como BNDES e BlackRock financiam a violência contra indígenas no Brasil“, de Fernanda Wenzel e Pedro Papini, para O Eco, especializado em jornalismo ambiental. Os repórteres lembram que nove empresas associadas à invasão ou pressão sobre terras indígenas no bioma receberam US$ 63,2 bilhões em investimentos.
Na coluna de Lauro Jardim, de O Globo, Marta Szpacenkopf conta que as mineradoras fazem reserva de mercado em terras indígenas, embora a atividade seja ilegal nestes territórios. O relatório foi notícia, ainda, no site Latin America in Movement e no portal Amazônia, que ressaltou como BNDES e BlackRock financiam a violência contra os povos originários.
O foco do portal Correio de Carajás foi o cumplicidade de quatro empresas da região — Vale, JBS, Raízen e Eletronorte — na destruição de terras indígenas. O site Roraima 1 também deu ênfase à questão regional. A Eletronorte, uma das onze empresas mencionadas, tem sede no estado. O mesmo fez o blog de Diego Emir, ao destacar a Equatorial, do Maranhão, repercutindo a notícia do UOL.
O Brasil Norte Comunicação, de Manaus, fez um texto baseado na contestação das empresas ao relatório.
| Mariana Franco Ramos é repórter do De Olho nos Ruralistas |
Foto principal (Bruno Kelly/Amazonia Real): Aldeia Massape, onde vivem cerca de 200 Kanamari, na Terra Indigena Vale do Javariri