Indígenas são maiores vítimas de assassinatos entre defensores de direitos no MA

In De Olho nos Conflitos, Em destaque, Povos Indígenas, Principal, Quilombolas, Últimas
Ka'apor resistem contra os madeireiros no Maranhão

Etnias tiveram sete mortes em 2015 e 2016; posseiros, sindicalistas e quilombolas também aparecem em lista da Secretaria Maranhense de Direitos Humanos; madeireiros estão entre principais algozes

Vinte e cinco defensores de direitos humanos foram assassinados no Maranhão em 2015 e 2016. Os dados da Secretaria Maranhense de Direitos Humanos mostram que os povos indígenas – com sete mortes – são as principais vítimas, seguidos das lideranças comunitárias (por causa do tráfico de drogas), posseiros/sindicalistas e quilombolas. O estado teve também três blogueiros (que denunciavam corrupção) e um ambientalista executados.

maranhao-mortes

Fica clara, portanto, a predominância do meio rural nos assassinatos maranhenses. O estado compõe, ao lado de Tocantins, Piauí e Bahia, a região do Matopiba – fronteira agrícola anunciada como prioritária desde o governo anterior.

Entre os casos enumerados pela organização de direitos humanos está o dos posseiros Raimundo Pires Ferreira e Zilquênia Machado Queiroz, mortos em junho de 2015, em Amarante do Maranhão. Ela foi morta a tiros – recurso mais utilizado pelos assassinos. Ferreira foi espancado.

Dois meses depois era executado em Bom Jardim, em uma emboscada, o ambientalista e trabalhador rural Raimundo Santos Rodrigues. Ele era conselheiro da Reserva Biológica do Gurupi. Foi, provavelmente, vítima de madeireiros. Em Codó, Antônio Isídio Pereira da Silva também denunciava a extração ilegal de madeira. Foi uma morte anunciada – e consumada em plena véspera de natal.

Líder comunitário foi encontrado morto em Codó (Foto: Diogo Cabral / SMDH)
Antônio Isídio denunciava a extração ilegal de madeira (Foto: SMDH)

Chama a atenção a forma como as lideranças quilombolas foram mortas. Antônio Cipriano foi atropelado em Itapecuru Mirim, em abril de 2015. Em fevereiro deste ano, em Miranda do Norte, Francisca das Chagas Silva foi estuprada antes de ser esfaqueada. O governo federal emitiu uma nota. Segundo o Movimento Mulheres em Luta, o caso também é típico de machismo.

INDÍGENAS X MADEIREIROS

Os madeireiros são pivôs do assassinato de indígenas. Eusébio Ka’apor foi morto também em abril do ano passado, em Centro do Guilherme. Trata-se de outro caso em que houve ameaça – e, portanto, morte anunciada.

Entre março e abril deste ano, nada menos que quatro Guajajara foram assassinados no mesmo município, Amarante do Maranhão. Em março, Aponuyre Guajajara, de apenas 16 anos. Baleado. Em abril, Genésio e Assis Guajajara. Espancados. E Isaías Guajajara. Esfaqueado.

Ainda em Amarante, Candide Zaraky Tenetehar – 22 anos – foi atropelado e morto por um caminhão madeireiro. Em Viana, em julho, outro jovem foi assassinado a tiros: Fernando Gamela, de 23 anos. Os Gamela ocupam fazendas e reivindicam suas terras ancestrais.

You may also read!

Flávio Bolsonaro repete em vigília trio elétrico dos atos golpistas

Imagens mostram carro da empresa atrás do senador, durante ato no sábado em apoio ao pai; Trio Coyote foi

Read More...

COP30: restauração do Cerrado anunciada pelo BTG Pactual inclui 130 mil hectares de eucalipto

Responsável pelo desmatamento de 1,2 mil hectares, por meio da controlada BRPec, banco de André Esteves assinou parcerias com

Read More...

COP30: denunciada na OCDE, Bayer organiza debate sobre “melhores práticas” em direitos humanos

Relatório "A COP dos Lobbies" mostra como empresas usam a conferência climática em Belém para lavar imagem ambiental; gigante

Read More...

Leave a reply:

Your email address will not be published.

Mobile Sliding Menu