Indústria brasileira faz lobby na Índia em defesa do tabaco

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(Foto: Anselmo Cunha, divulgação/PMPA)

Produtores foram em comitiva à COP7 em defesa do fumo, cultura concentrada na região Sul e que mais usa agrotóxicos no país; e eles foram barrados

A cidade de Nova Delhi, na Índia, sedia até o dia 12 a 7ª Conferência das Partes (COP7), conferência mundial em que as delegações dos Estados Partes discutirão e aprovarão diretrizes para os países na adoção de medidas nacionais com relação às mudanças climáticas. Na delegação brasileira estão representantes da Comissão Nacional que cuida do cumprimento da Convenção para o Controle do Tabaco, encabeçada pelo Ministério da Saúde.

O Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco) enviou na quinta-feira uma comitiva à Ìndia para defender o setor. Mesmo sem garantia de acesso à conferência. Eles foram barrados.

O Brasil é, desde 1993, o segundo maior produtor e primeiro exportador de tabaco em folha. Segundo o SindiTabaco, a receita na safra 2015/16 ultrapassou R$ 5 bilhões, a partir da produção de cerca de 144 mil produtores de 574 municípios da região Sul.

O tabaco é a cultura que mais usa agrotóxicos no país, como evidencia De Olho nos Ruralistas a partir de estudo do Ministério da Saúde: “A região Sul consumiu 23% do total de agrotóxicos comercializados no Brasil em 2013. Mais da metade foi consumida no Paraná (158 mil das 285 mil toneladas comercializadas na região) nas culturas de soja, milho, trigo, arroz , e fumo – esta, a que mais utiliza veneno. O estado é o maior fornecedor de fumo do país.”

A conexão entre suicídio e plantadores de fumo é apontada em diversos estudos científicos. Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Sul mostra que o uso de agrotóxicos, como os organofosforados, aumenta as chances de depressão dos agricultores. Em 2014, 20% de cem fumicultores entrevistados sofriam de depressão, segundo a universidade. O quadro depressivo por exposição aos venenos, somado a fatores sociais e culturais, pode evoluir para o suicídio.

O SindiTabaco afirma que o setor está preocupado porque, entre os temas debatidos na COP7, encontra-se o pedido de intervenção da Organização Mundial da Saúde (OMS) em questões de natureza comercial. O presidente do sindicato, Iro Schünke, diz que a OMS quer retirar o produto dos acordos internacionais junto à Organização Mundial do Comércio (OMC). E que isso poderá prejudicar em muito as exportações do Brasil, responsável por 30% dos embarques mundiais.

“Precisamos esclarecer qual será a posição do governo brasileiro sobre este e outros assuntos durante a Conferência para que a cadeia produtiva não seja prejudicada”, diz o executivo. “O que vimos em anos anteriores foi um governo apressado em adotar as recomendações das Conferências das Partes, sem levar em conta a importância econômica e social do tabaco no país.”

CONVENÇÃO PARA CONTROLE DO TABACO

A Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco foi o primeiro e único tratado internacional de saúde pública da Organização Mundial de Saúde. Adotada pela Assembleia Mundial da Saúde em 2003, entrou em vigor em 2005. Até o momento, 180 dos 193 países da ONU, entre eles o Brasil, ratificaram a adesão ao tratado.

O Brasil é o segundo maior produtor e maior exportador de tabaco em folha desde 1993. Argentina, Estados Unidos e Moçambique, concorrentes no mercado mundial de tabaco, não assinaram o protocolo.

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