Operação Cui Bono? cita JBS, Grupo Bertin, Seara e Big Frango em esquema que teria beneficiado empresas quando ex-ministro de Temer tinha cargo na Caixa
Dono de quase 10 mil hectares no interior da Bahia, o ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB) define-se como pecuarista. Ainda que, nas eleições de 2014, não tenha declarado nenhuma cabeça de gado. O ex-ministro da Secretaria de Governo reapareceu nas manchetes, no sábado, acusado pela Polícia Federal de receber propina em esquema da Caixa Econômica Federal. E colocou uma série de frigoríficos na linha de frente das investigações recentes sobre corrupção.
Geddel foi vice-presidente de pessoa jurídica na Caixa, entre 2011 e 2013. Segundo a PF, ele atuava com o ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), para beneficiar empresas – mediante a liberação de créditos – em troca de propina.
O caso leva empresas do agronegócio ao centro das investigações sobre corrupção, marcadas nos últimos tempos pela presença maciça de empreiteiras e, inicialmente, pelas menções à Petrobras.
Não que isso seja uma novidade. A Eldorado, empresa de celulose do grupo J&F (que controla a JBS), vem sendo mencionada há algum tempo nas investigações, ainda que com repercussão discreta na imprensa. E volta a aparecer na Operação Cui Bono?, ao lado dos frigoríficos. A diferença, agora, é que a notícia virou manchete – no sábado (14/01), foi o destaque de Folha e Estadão.
A Folha detalhou mensagens trocadas em 2012 por Geddel e Cunha. Eles citam diretamente Marfrig, Seara e J&F. Falam de votações que interessam às empresas. “Terça que vem ou quarta podea almoçar e jantar com o dono da Marfrig”, instrui Cunha. Geddel acata.
O Estadão conta que, em mensagens no dia 30 de julho de 2012, Geddel avisou ao presidente da Câmara que o voto sobre liberação de créditos para a Marfrig na Caixa sairia naquele dia. As operações totalizavam R$ 35o milhões. Ele avisa, então, Cunha: “Agora é com você”.
Geddel Vieira Lima é sócio de fazendas com dois irmãos, entre eles o deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA). A Justiça de Brasília negou busca e apreensão no apartamento de Lúcio porque ele tem foro privilegiado. A Procuradoria da República afirma que o ex-ministro faz parte de uma organização criminosa.
Confira a lista das propriedades rurais declaradas em 2014 por Geddel, candidato derrotado ao Senado: