Gilmar Mauro, do MST: “Vamos pautar a reforma agrária nas terras dos banqueiros”

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Dirigente nacional do movimento se referiu à ocupação de terras de corruptos e anunciou também “reforma agrária nas terras dos grileiros”, durante debate sobre governo Temer

Um dos coordenadores nacionais do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), Gilmar Mauro informa que o tema “reforma agrária nas terras dos corruptos“, que motivou uma série de ocupações de fazendas pelo país em julho, térá continuidade nos próximos meses. “Vamos pautar a reforma agrária nas terras de banqueiros e a reforma agrária nas terras dos grileiros”, afirmou, nesta terça-feira (05/09), em São Paulo. “Vamos fazer a luta direta e a disputa na sociedade”.

Gilmar foi um dos participantes de debate sobre os retrocessos sociais e ambientais do governo Temer, promovido pelo De Olho nos Ruralistas em comemoração ao primeiro aniversário do observatório. O debate faz parte de uma cobertura especial chamada De Olho nos Retrocessos, que prevê, até o dia 16 de novembro, o envio de um boletim semanal aos cadastrados. A outra participante do debate foi a professora Larissa Bombardi, do Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo (USP).

Confira um trecho da fala do dirigente:

“Todas as medidas que o governo golpista do Temer implementou no último período são uma destruição de conquistas históricas e de pactos históricos da classe trabalhadora. É uma destruição do pacto varguista e de toda a legislação da CLT. É uma destruição do pacto da Constituinte, com todas as limitações que tinha, mas com seus aspectos democráticos. E a destruição do último período, que vamos chamar de pacto lulista. (O governo Lula) não foi nenhum governo revolucionário, mas fez mudanças no Brasil e isso está sendo jogado por água abaixo, em benefício do grande capital.

Evidentemente isso está produzindo muitas contradições no nosso país e nós vamos ter que enfrentar. Se olhar friamente, nós fizemos lutas, lutas e estamos perdendo todas. Mas se nós não tivéssemos ido para as ruas nos últimos períodos não tenham nenhuma dúvida: a situação seria muito pior. O fascismo e os golpistas iriam nos colocar embaixo dos pés e esmagar. Dá para ver nas entrevistas dos deputados (no documentário “Sem Clima”, sobre bancada ruralista, exibido antes do debate).

Estamos numa perspectiva de ascensão da luta social. E isso nos anima muito. Vai haver uma retomada da luta pela terra. Inclusive como forma de sobrevivência, uma parte da população não tem onde sobreviver. Vai ter que encontrar a sobrevivência na produção agrícola. Nós estamos indo para a ofensiva junto a setores médios da classe trabalhadora, nessa disputa do alimento, sobre os impactos do agronegócio, e vamos para a disputa com esse Congresso nacional, que está mostrando todas as contradições e a volúpia em destruir o nosso país, destruir as nossas riquezas.

Então estou vendo um momento propício ao processo de luta social. Vivemos uma crise política geral e ainda a classe trabalhadora está assistindo. Não se decidiu entrar. A gente brinca: parece que está havendo um jogo de tênis. A bolinha vai pra lá, vem pra cá. Ela não entrou na batalha política. Mas cada vez mais setores, inclusive os que participaram da derrubada da (presidente) Dilma (Rousseff), hoje se dão conta do que significa o golpe.

Nós vimos isso na última jornada (de lutas do MST), quando pautamos o tema “reforma agrária nas terras dos corruptos”. Teve um impacto muito interessante. E fizemos mobilizações com apoio de amplos setores da sociedade. Não tenham dúvida, nós vamos continuar isso e vamos pautar outras coisas, como reforma agrária nas terras de banqueiros, reforma agrária nas terras dos grileiros. Vamos fazer a luta direta e a disputa na sociedade”.

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