Professora de Oceanografia da Universidade Federal de Santa Catarina mostra em artigo que a Baía de Todos os Santos apresenta presença de ácido que corresponde ao uso da Sulfluramida
Um formicida utilizado na plantação de eucalipto e pinus está poluindo o Oceano Atlântico. É o que diz artigo escrito pela pesquisadora Juliana Leonel, professora de Oceanografia na Universidade Federal de Santa Catarina, divulgado em janeiro. Título: “A formiga e o mar: como o formicida sulfluramida esta contaminando os oceanos“.
São conhecidos os efeitos aos organismos do ácido perfluoroctanoico sulfônico (PFOS), um dos poluentes orgãnicos persistentes (POPs) “de alta toxicidade e persistência”. Mas as pesquisas, segundo a professora, costumam ser feitas a partir das fontes industriais e urbanas. Há também estudos sobre o impacto ambiental do formicida. A novidade está no estudo do impacto na região costeira.
A importação do formicida saltou de 30 toneladas, em 2007, para 60 toneladas, em 2014. Os pesquisadores do Laboratório de Oceanografia Química da UFSC também constataram a ocorrência de ácidos perfluoroalquilados na Baía de Todos os Santos, em águas superficiais na Bahia, com um perfil “que corresponde ao uso da Sulfluramida”.
Ainda faltava estudar a degradação do ingrediente ativo – transformado em ácido poluente – a partir das próprias iscas formicidas. Os estudos anteriores analisavam os solos e a água, em geral a partir das cenouras (de fácil cultivo em laboratórios). Por isso foi feito um novo experimento que constatou, no caso das iscas, uma degradação “em uma taxa mais alta do que anteriormente reportada”.
Em paralelo a isso, os pesquisadores analisaram amostras de água – fluvial, marinha e subterrânea – da região de Caravelas e Alcobaça, para entenderem como a Sulfluramida e o ácido poluente migram de onde foram aplicados (como as plantações de eucalipto e pinus) até a região costeira.
A próxima etapa da pesquisa identificará as fontes do ácido perfluoroctanoico sulfônico em outras áreas costeiras do Brasil. Em projeto aprovado em 2016 pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), será estimado o fluxo da substância dos principais rios brasileiros para o Atlântico Sul.