Candidata da Rede quer ampliar o seguro rural e, para o escoamento da produção, acena com o estímulo ao investimento privado em infraestrutura; ela fala também em estimular alimentação vegetariana
Por Leonardo Fuhrmann
A presidenciável Marina Silva (Rede) defende o estímulo ao investimento privado em infraestrutura para o escoamento da produção, além da ampliação do seguro rural. São os acenos mais claros da candidata ao mercado e ao agronegócio em seu programa de governo. É a terceira vez consecutiva que ela concorre ao cargo. Seu vice é outro ex-petista, o ex-deputado Eduardo Jorge (PV), presidenciável de seu partido em 2014.
O programa de Marina é um dos poucos a tratar da qualidade da comida. Ela defende o estímulo à alimentação saudável e pacífica, inclusive a vegetariana. Propõe a criação de política de bem-estar animal, consolidação de uma matriz energética sustentável e a valoração econômica da preservação de recursos naturais.
De Olho nos Ruralistas tem publicado reportagens sobre os programas de governo dos candidatos à Presidência da República. A série também traz referências ao histórico dos presidenciáveis em relação à questão agrária – seja do lado dos povos do campo, seja do lado do agronegócio.
No caso de Marina, sua origem é a de seringueira, no Acre. Ela chegou a ser candidata a deputada federal, nos anos 80, em dobradinha com o líder sindical Chico Mendes, assassinado em dezembro de 1988. Ambos eram filiados ao PT. A candidata foi ministra do Meio Ambiente durante cinco anos dos governos de Luiz Inácio Lula da Silva.
CANDIDATA DEFENDE POVOS TRADICIONAIS
A candidata quer uma reforma no Imposto Territorial Rural para desestimular a atuação patrimonialista, dar prioridade à regularização fundiária e o ordenamento territorial para garantir segurança jurídica para produtores familiares, assentados, setor empresarial e comunidades tradicionais.
Defende também a abertura de mercado para a agricultura familiar por meio do Programa de Aquisição de Alimentos e o apoio à criação de núcleos de agroecologia. Fala em estimular a agricultura alimentar e familiar e o Zoneamento Ecológico Econômico, com implementação do Cadastro Ambiental Rural, regularização do Programa de Regularização Ambiental e da Cota de Reserva Ambiental, além do fomento à pesquisa.
A questão dos povos tradicionais tem destaque no programa de Marina. Além de citar indígenas e quilombolas, a proposta quer garantir direitos de ciganos, faxinalenses, pomeranos, caiçaras, pescadores, extrativistas, quebradeiras de coco babaçu, ribeirinhos, entre outros.
A ideia é fomentar as atividades econômicas desses povos, garantir programas educacionais diferenciados e demarcar terras indígenas, titular áreas de quilombolas e criar Unidades de Conservação e Uso Sustentável. Os povos tradicionais também teriam direito, segundo a proposta dela, à consulta prévia para licenciamento ambiental de obras que os afetem.