Ligado ao sindicato rural do município, político gaúcho tem fazenda embargada por destruição da vegetação; outros parentes foram multados por desmatamento pelo Ibama e fazem parte de associação de produtores de soja, a poderosa Aprosoja
Por Leonardo Fuhrmann
A soja também vai às urnas. Dono de uma fortuna de mais de R$ 18, 5 milhões, segundo declarou à Justiça Eleitoral, o agricultor gaúcho Valmir Luiz Wessner (PRTB) está disputando neste ano a prefeitura de Gaúcha do Norte, no Mato Grosso, onde sua família acumula negócios há mais de vinte anos. Só em terras, Wessner declarou mais de 4.500 hectares. Sua declaração inclui veículos, máquinas agrícolas, 670 cabeças de gado e a empresa Culuene Agropecuária, em sociedade com a esposa, Vandelise Terezinha Bamberg Wessner, e o filho William Gustavo Wessner.
Além de bens, Wessner acumula multas por desmatamento. Em 2017, foi autuado em R$ 16,59 milhões pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) por devastação ambiental. Ele já havia sido multado em R$ 3,42 milhões em 2008, além de R$ 21 mil em 2004 e R$ 51 mil em 2002.
Em razão da destruição da vegetação, uma área de suas fazendas está embargada desde 2017. O filho William segue pelo mesmo caminho. Tem uma área embargada desde 2017 e recebeu uma multa de R$ 505 mil, em 2014, por desmatamento. O filho tem uma multa de R$ 5 mil por pesca ilegal, em 2016. Todos os dados são do Ibama e compuseram a pesquisa do observatório que resultou na série De Olho nos Desmatadores.
Apesar de disputar uma eleição pela primeira vez, Wessner não é um novato na política. Ele já fez parte da diretoria do sindicato rural do município, assim como outros de seus familiares. Neusa Cecília Wessner presidiu o Sindicato Rural de Gaúcha do Norte por dois mandatos, atualmente é vice-presidente. Gilmar Inácio é primeiro suplente. Maria Lourdes já foi da diretoria. Atualmente, Neusa é segunda diretora financeira da Associação dos Produtores de Soja (Aprosoja-MT), onde Valmir foi delegado.
PARENTES FORAM AUTUADOS DIVERSAS VEZES POR DESMATAMENTO
De origem gaúcha, a família teve seus primeiros negócios no setor agropecuário nos anos 60, no município de Alecrim (RS), onde nasceu o candidato a prefeito. Depois teve fazendas na Argentina e no Paraná antes de se instalar em Gaúcha do Norte, no fim dos anos 90. O Grupo Wessner, ponta-de-lança dessa expansão, hoje é comandado por Aloisio, Maria Lourdes, Gilmar Inácio e Karine Becker, todos da família.
Assim como o candidato, seus parentes acumulam autuações do Ibama por desmatamento. Gilmar Inácio tem uma área embargada desde 2010 por este motivo. Ele foi multado em R$ 3.518.000,00 em 2016 por desmatamento, R$ 655.000,00 em 2009, R$ 455.310,00 em 2008 e R$ 195.000,00 em 2005.
Karina Becker Wessner também possui uma multa milionária: ela recebeu uma multa de R$ 2.950.000,00 em 2016. Aloísio Wessner recebeu três multas por desmatamento: R$ 750.000,00 em 2011, R$ 196.670,00 em 2008 e R$ 225.000,00 em 2007. Neusa Cecília também foi multada uma vez, R$ 466.000,00, em 2004. Todos os valores referem-se aos anos das autuações, sem correção monetária.
| Leonardo Furhmann é repórter do De Olho nos Ruralistas |
Imagem principal (Reprodução): município reúne gaúchos no nome e na política