Com 54 mortes, violência no campo volta a nível de 2003, aponta Human Rights Watch

In De Olho nos Conflitos, Povos Indígenas, Principal, Sem-Terra, Últimas
Foto: Observatório da Sociedade Civil
Foto: Observatório da Sociedade Civil

Pesquisador ressalta papel das milícias e impunidade de fazendeiros; 1% dos grandes proprietários detém 45% da área rural

A violência no campo no Brasil alcançou seus piores índices em uma década por causa das milícias privadas criadas por fazendeiros para atacar ativistas pelo direito à terra no país, disse César Muñoz, pesquisador brasileiro da Human Rights Watch (HRW), na quinta-feira, à Fundação Thomson Reuters.

Com 54 assassinatos em conflitos rurais em 2016, o ano tornou-se o mais violento desde 2003, quando 71 pessoas morreram, lembra Muñoz, municiado com os dados do relatório da Comissão Pastoral da Terra (CPT). “Aqueles que usam violência para manter o controle sobre a terra podem agir com impunidade, eles podem matar”, disse o pesquisador, que é especializado em abusos policiais.

De acordo com o relatório da CPT, Rondônia foi o Estado mais violento com 17 homicídios. O Maranhão ficou em segundo, com 12 assassinatos. O Pará em terceiro, com 6 mortes.

A CPT destaca 3 casos mais paradigmáticos: 1) assassinato do ativista Nilce de Souza Magalhães, em Porto Velho; 2) do quilombola Zé Sapo, em Palmeirância (MA); e 3) do indígena Clodioli Aquileu de Souza, em Caarapó (MS).

Entre 1984 e 2010, morreram no campo 2.262 por causa de conflitos envolvendo disputa de terra, aponta relatório Terrenos da Desigualdade – Terra, agricultura e as desigualdades no Brasil rural, lançado pela Oxfam Brasil em 2016.

Segundo o relatório, a concentração fundiária é o principal motivo para violência no campo. Atualmente, menos de 1% dos grandes proprietários concentram 45% de toda a área rural — enquanto pequenos proprietário, inferior a 10 hectares, ocupam menos de 2,3% da área rural.

You may also read!

Proprietária que reivindica terras em Jericoacoara é sobrinha de governadores da ditadura

Tios de Iracema Correia São Tiago governaram o Ceará e o Piauí durante os anos de chumbo; os três

Read More...

Clã que se diz dono de Jericoacoara foi condenado por fraude milionária em banco cearense

Ex-marido de Iracema São Tiago dirigiu o Bancesa, liquidado por desviar R$ 134 milhões da União e do INSS

Read More...

Prefeitura de SP nega superfaturamento e diz que obra de R$ 129 milhões segue “ritos legais”

Investigada por irregularidades, Ercan Construtora foi contratada para obra emergencial em talude na comunidade Morro da Lua, no Campo

Read More...

Leave a reply:

Your email address will not be published.

Mobile Sliding Menu