Governo Temer: da Esplanada de Latifundiários à venda de terras para estrangeiros

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Conflito de interesses move ministros na questão agrária; Blairo Maggi só não aceita a compra por estrangeiros em seu setor, o de soja e milho

Por Alceu Luís Castilho e Cauê Ameni

O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, é um dos entusiastas do projeto do governo de venda de terras para estrangeiros. Só tem uma restrição: no caso da soja e do milho. Maggi é um dos maiores produtores mundiais de soja e de milho. Em poucos meses de gestão, ele já decidiu privatizar os armazéns de grãos. Detalhe: seu império empresarial, o grupo André Maggi, também possui armazéns.

O conflito de interesses move o governo na questão agrária. Esse é o tema da última edição do De Olho TV, sobre os ministros – ruralistas – do governo Temer. Não que a presença de latifundiários seja uma novidade na composição de governos, no Brasil. Mas esta gestão vem sendo particularmente marcada por histórias de confusão entre público e privado, no que se refere às propriedades rurais e às empresas agropecuárias.

O ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, reúne-se nesta segunda-feira (27/03) com o relator do projeto, deputado Newton Cardoso Jr (PMDB), latifundiário e dono de empresas de mineração. O ministro está sendo investigado, no Mato Grosso e no Rio Grande do sul, por ocupação de terras públicas. Terras da Marinha, no caso gaúcho. Um parque estadual, o Parque Ricardo Franco, no caso matogrossense.

DE OLHO NAS TERRAS PÚBLICAS

De Olho nos Ruralistas obteve dados detalhados sobre as incursões de Padilha no parque. Para o procurador-geral em exercício no Mato Grosso, não há dúvida: trata-se de um caso de grilagem. Os documentos enviados pelo Ministério Público Estadual mostram que Padilha e um de seus sócios – entre vários outros fazendeiros – compraram as fazendas, localizadas em pleno parque, depois que ele foi criado.

O ministro foi denunciado no fim do ano em ação contra os fazendeiros que ocuparam o parque. Durante a investigação foram encontradas armas em fazendas, flagrados trabalhadores em situação de trabalho escravo e identificados mais de 20 mil hectares de terras em áreas do parque estadual, em uma região que mistura os biomas amazônico, do cerrado e do pantanal.

OUTROS MINISTROS

O vídeo do De Olho nos Ruralistas conta a história de outros ministros latifundiários. Uma empresa agropecuária da família do titular de Esportes, Leonardo Picciani, já esteve na lista suja do trabalho escravo. O ministro da Saúde, Ricardo Barros, é sócio de uma área de R$ 56 milhões, no Paraná, conforme revelou a Folha – embora tenha um patrimônio de apenas R$ 1,8 milhão.

Um dos mais novos membros dessa Esplanada de Ministros Ruralistas é o ministro da Justiça, Osmar Serraglio. Ex-deputado, ex-presidente do PMDB, ele foi flagrado em conversas com investigados na Operação Carne Fraca, sobre corrupção entre frigoríficos e fiscais do Ministério da Agricultura. Em um dos diálogos ele diz a um empresário que defende o dono de outra rede de frigoríficos.

LEIA MAIS:
“Carne Fraca”: Record mostra que Osmar Serraglio protegia frigorífico

 

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