MPF: Despejo de indígenas em Caarapó (MS) não teve ordem judicial

In De Olho nos Conflitos, Em destaque, Povos Indígenas, Principal, Últimas
PM agiu sem mandado judicial. (Foto: Reprodução)

Em nota, Ministério Público Federal lembra que decisão da ministra Carmen Lúcia, do STF, garantia permanência na Fazenda Santa Maria, onde PM despejou famílias no último domingo

Por Igor Carvalho

Em nota, o Ministério Público Federal do Mato Grosso do Sul (MPF-MS) confirmou que a ação da Polícia Militar para expulsar famílias indígenas – da etnia Guarani Kaiowá – que ocupavam a Fazenda Santa Maria, no último domingo, não foi respaldada por nenhuma ordem judicial: “Não havia ordem de reintegração de posse”.

O MPF-MS informou que um inquérito civil público foi instaurado para apurar se houve ilegalidade na ação. De acordo com o órgão, a Polícia Militar, a Polícia Civil e a Secretaria de Segurança Pública do Mato Grosso do Sul foram questionadas sobre a natureza da operação.

MPF vai investigar legalidade do despejo. (Foto: Reprodução)

A PM chegou a utilizar um helicóptero. As imagens feitas pelos indígenas com celulares mostram policiais atirando balas de borracha contra a ocupação. Em seguida, uma tropa seguiu por terra e retirou à força os Kaiowá do local.

Um dos ocupantes, Ambrósio Alcebide, foi preso e levado à delegacia de Caarapó. Segundo os fazendeiros, os indígenas teriam feito funcionários da fazenda Santa Maria como reféns. O MPF-MS e a Polícia Militar não confirmaram a informação.

ENTRE OS PROPRIETÁRIOS, UMA EMPRESA

De Olho nos Ruralistas apurou que entre os proprietários da terra reivindicada pelos indígenas estão a empresa Penteado Participações Ltda e cinco proprietários de menor porte: Rene Escobar Ferreira, Carlos Batista Ferreira, Silvana Aparecida de Castro, José Odoniel Vieira da Silva e Arlei Delair Pedro.

Os indígenas vinham sofrendo pressão desde o início do ano, quando uma decisão da 1ª Vara Federal, em Dourados (MS), exigia a reintegração de posse do local e de outras duas retomadas, Pindo Roky e Nhamoi Guavirarí. Minutos antes da ação da Polícia Militar, o STF reverteu a decisão, como relembra o MPF em sua nota:

 – A comunidade indígena teve a permanência na Fazenda Santa Maria determinada pelo Supremo Tribunal Federal, que suspendeu a ordem de reintegração de posse emitida pela Justiça Federal em favor dos proprietários. A decisão da ministra Carmén Lúcia, de 9/4/18 (STP 17/2018) determinou a permanência dos indígenas até o trânsito em julgado da ação possessória, que tramita na Justiça Federal de Dourados. Apesar de permanecerem na fazenda, eles não tem a posse plena, apenas uma determinação legal que manda que se espere o final do processo.

You may also read!

Vídeo mostra como mercado, imprensa, Legislativo e Judiciário naturalizaram Bolsonaro

De Olho nos Ruralistas reúne informações e imagens sobre a ascensão do político patrocinada por empresários e jornalistas; omissão

Read More...

Proprietária que reivindica terras em Jericoacoara é sobrinha de governadores da ditadura

Tios de Iracema Correia São Tiago governaram o Ceará e o Piauí durante os anos de chumbo; os três

Read More...

Clã que se diz dono de Jericoacoara foi condenado por fraude milionária em banco cearense

Ex-marido de Iracema São Tiago dirigiu o Bancesa, liquidado por desviar R$ 134 milhões da União e do INSS

Read More...

Mobile Sliding Menu