Entre os nanicos, filho de Jango é quem tem proposta mais detalhada em relação aos temas do campo; De Olho nos Ruralistas estreia série sobre propostas e histórico dos presidenciáveis
Por Leonardo Fuhrmann
Assentar 400 mil famílias no primeiro ano do governo. O candidato do PPL à Presidência da República, João Goulart Filho, é o único dos presidenciáveis a apresentar uma meta numérica para a reforma agrária em seu plano de governo. A meta é pra lá de ousada. Nos últimos 20 anos, só três vezes o Brasil teve mais de 100 mil assentados em um ano: 101.094 em 1998, durante o governo FHC; 127.506 em 2005, durante o governo Lula; e 136.358, idem, em 2006.
Para atingir este número, o filho do ex-presidente João Goulart – deposto, em parte, por defender a reforma agrária – defende a expropriação imediata não só de terras usadas pelo tráfico de drogas e onde foram flagrados trabalhadores em situação análoga à escravidão, mas também envolvidas em contrabando. Fala em exigir a devolução de todas as terras griladas e próximas de região de fronteira, sobretudo as que estiverem nas mãos de grandes empresas e estrangeiros.
Goulart defende o fomento à formação de cooperativas para fortalecer pequenos e médios agricultores, a recuperação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a criação da Empresa Brasileira de Comércio Exterior, para reduzir a dependência desses grupos das grandes empresas internacionais na hora de exportar seus produtos. Acena ainda com políticas de seguro, crédito, preço mínimo e estoques reguladores.
Parte dos recursos deve vir do próprio segmento. O candidato quer imposto progressivo sobre as exportações e também sobre a propriedade de terras por tamanho, independentemente da produção. Defende ainda o incentivo à indústria nacional para a produção de insumos, adubos, implementos e máquinas agrícolas.
O programa do PPL – partido que abriga o antigo MR8 – fala ainda em garantir o direito a uso e posse da terra por comunidades tradicionais e propõe o aumento das penas e multas para crimes ambientais, especialmente quando resultem em desastres ecológicos, além de defender um programa de uso racional dos recursos naturais.
PSTU QUER ESTATIZAR LATIFÚNDIOS
De Olho nos Ruralistas estreia, com esta reportagem, série sobre as propostas e o histórico dos presidenciáveis em relação aos temas agrários. A ordem de publicação vai dos menos cotados nas pesquisas aos que possuem mais intenções de voto. Confira aqui o texto de apresentação da série: “Agronegócio estrutura-se e chega em 2018 com estratégia ‘um pé em cada canoa’“.
Os nanicos à direita estão alinhados com o modelo hegemônico. Em seu programa de governo, Eymael (DC) defende a diminuição do custo de crédito para o setor produtivo, a valorização do agronegócio e o apoio a pequenos e médios produtores.
Cabo Daciolo, candidato do Patriotas, trata de política agropecuária principalmente ao falar de logística. Defende a pavimentação de todas as rodovias federais e parcerias com estados e municípios para asfaltar as estradas municipais e estaduais. Defende a ampliação das hidrovias e ferrovias e a integração com a rede rodoviária. Cita ainda o fortalecimento da competitividade das commodities brasileiras.
A presidenciável do PSTU, Vera Lúcia, defende a estatização dos latifúndios, com a gestão entregue aos trabalhadores. Junto a isso, defende também a desapropriação para a reforma agrária, com o assentamento de camponeses, crédito barato, apoio técnico e condições para produção e comercialização. Quer garantir também a titulação, regulação e proteção das terras indígenas e quilombolas.