Fazendeiro e dono de cartório, Alex Canziani (PTB) teve cinco mandatos na Câmara e era membro da Frente Parlamentar da Agropecuária; candidato derrotado ao Senado em 2018, ele declarou R$ 2,4 milhões em bens
Por Mariana Franco Ramos
O ex-deputado federal Alex Canziani (PTB-PR) é um dos mais novos cotados para assumir o Ministério da Educação (MEC), em substituição a Abraham Weintraub, que deixou o cargo em 18 de junho. Ele confirmou à reportagem que seu nome foi levado ao presidente Jair Bolsonaro por um grupo de parlamentares do PTB, legenda comandada nacionalmente por Roberto Jefferson, e também de outros partidos.
“Se tiver esse privilégio, será uma honra”, afirmou Canziani, que exerceu cinco mandatos na Câmara. “Mas o presidente tem várias opções e ainda precisa fazer uma série de avaliações. Não tem nada avançado”.
Canziani é natural de Londrina, no norte do Paraná, onde é proprietário de um cartório de imóveis. Foi presidente da Frente Parlamentar da Educação e membro da Frente Parlamentar da Agropecuária, a FPA, principal braço formal da bancada ruralista no Congresso. Além da familiaridade com o tema do MEC, pesa a seu favor o fato de ter bom trânsito em Brasília, quesito apontado por Bolsonaro a interlocutores como importante para a escolha.
ELE TENTOU O SENADO E ELEGEU FILHA NA CÂMARA
O advogado de 56 anos foi ainda vereador, vice-prefeito de Londrina e secretário de Estado do Trabalho. Nas eleições de 2018, recebeu 1,3 milhão de votos ao Senado, mas perdeu a disputa para Oriovisto Guimarães (Pode) e Flávio Arns (Rede). Mesmo assim, conseguiu eleger sua filha, Luísa, então com 22 anos, que se tornou a deputada federal mais jovem do Brasil.
O político declarou à época um patrimônio de R$ 2.401.825,00 ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Dentre os bens informados há duas fazendas em Jaguapitã (PR), no valor de R$ 111.036,00 e R$ 88.829,00; um imóvel rural no município de Nossa Senhora das Graças (PR), avaliado em R$ 117.975,00; parte de um sítio em Londrina, herança dos avós, de R$ 34.699,00; chácaras na Gleba Primavera, em Londrina, de R$ 867,00; e o terreno de um condomínio em Maringá (PR), de R$ 50.000,00.
As declarações mais antigas de Canziani, como a de 1998, mostram preços dos imóveis rigorosamente iguais. E que as fazendas em Jaguapitã mantiveram seus tamanhos, respectivamente, de 345,4 hectares e 56 hectares. O sítio em Londrina, com 22,5 alqueires (ele possui 1/4 da propriedade), foi declarado naquele ano pelo mesmo valor. O mesmo vale para a fazenda em Nossa Senhora das Graças, a maior de todas, com 471,8 hectares.
Canziani foi relator da Medida Provisória que alterou o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), em 2017. Também foi um dos 137 parlamentares da FPA que votaram pelo arquivamento da segunda denúncia oferecida pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-presidente Michel Temer, como mostrou levantamento do De Olho nos Ruralistas.
O petebista responde no Supremo Tribunal Federal (STF) a um inquérito que tramita em segredo de Justiça desde 2012. Ele é acusado de estelionato, crime de quadrilha ou bando e falsidade ideológica. Canziani afirma desconhecer qualquer investigação envolvendo seu nome.
| Mariana Franco Ramos é repórter do De Olho nos Ruralistas |
Foto principal (Felipe Menezes/PTB Nacional): Canziani em reunião com o presidente do PTB, Roberto Jefferson