Com transmissão pela TVT, Vigília pela Vida e pela Liberdade reúne mais de 40 organizações no Dia Mundial da Saúde, também Dia do Jornalista; entre os temas estão as ameaças, os assédios judiciais e as mortes de profissionais da saúde e da imprensa durante a pandemia
Por Alceu Luís Castilho
A partir das 20 horas, nesta quarta-feira, a Vigília pela Vida e pela Liberdade nomeará jornalistas perseguidos pelo bolsonarismo e denunciará situações de ameaça, pressão jurídica descabida e outros tipos de violência contra profissionais da imprensa. Sete de abril é Dia do Jornalista e Dia Mundial da Saúde. Com transmissão pela TVT, o ato tem o apoio de pelo menos 41 organizações, entre elas a Associação Brasileira de Imprensa (ABI), a Associação Brasileira de Juristas pela Democracia, o Conselho Federal de Economia e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MTS).
A variedade dessas organizações mostra que a liberdade de imprensa não é um detalhe nessa vigília de resistência contra a pandemia e o genocídio promovido pelo governo federal. Os textos de divulgação da vigília falam em “cenário de caos instaurado pelo governo de Jair Bolsonaro” e de um ” ataque sem precedentes à vida, ao meio ambiente, à democracia e aos direitos fundamentais, entre eles o direito à informação, potencializado pelas agressões quase diárias a veículos de comunicação e aos próprios jornalistas”.
Um dos dois mestres de cerimônia, Juca Kfouri (a outra será Brenda Lígia), lerá nomes de jornalistas e de organizações que sofreram algum tipo de intimidação durante esse período de violência política. De Olho nos Ruralistas estará mencionado como um dos veículos que sofreram sucessivos ataques virtuais, em nome deste seu diretor de redação. Os ataques a Luis Nassif, por exemplo, ou a José Antonio Arantes, o editor da Folha da Região que teve sua casa incendiada por negacionista em Olímpia (SP), estarão entre esses destaques.
Os organizadores do ato observam que mais de cem jornalistas e mais de mil profissionais da saúde morreram por Covid-19, em decorrência direta das ações do governo federal. “Dezenas de outros repórteres enfrentam um verdadeiro assédio judicial, quando não são agredidos nas ruas ou ameaçados de morte”, diz texto de divulgação da vigília. “Profissionais de saúde também enfrentam ataques de ódio e tentativas de censura”. Por isso a reunião em prol da “reconstrução de um processo civilizatório humanizador e comprometido com a justiça social no país”.
Quase 3 mil pessoas já assinaram um manifesto Pelo fim do assédio judicial a jornalistas e por uma política pública nacional contra a pandemia. Ele informa que, somente em 2020, foram mais de 500 ataques a jornalistas, mais de 40% deles com assinatura de Jair Bolsonaro. “Foi o ano mais violento para os jornalistas desde 1990”, informa o documento. Economistas, engenheiros, psicanalistas, artistas, jornalistas, psicólogos e operadores do Direito posicionam-se contra o assédio judicial, simbolizado por Nassif.
De Olho nos Ruralistas apoia totalmente esse movimento e convida seus leitores a acompanhar o ato. O observatório criou, em junho de 2020, uma editoria chamada De Olho no Genocídio. No fim de março, iniciou em seu canal no YouTube uma série de vídeos sobre o tema, dando nome a cada participante desse massacre — a começar do presidente e de seu governo supremacista. Em julho do ano passado, foi publicada também uma série chamada Esplanada da Morte, sobre o papel de cada ministro no genocídio.
A linha editorial do projeto sempre foi e sempre será a de combate aos abusos do poder político e econômico. Durante um extermínio, cada veículo de imprensa possui uma responsabilidade adicional. Para que eles possam exercer seu papel na garantia de direitos, precisam eles mesmos ter seus direitos garantidos.
| Alceu Luís Castilho é diretor de redação do De Olho nos Ruralistas. |
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