Jogos Paraolímpicos são finalistas do prêmio Racista do Ano, da Survival

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(Foto: Survival)

Brasil pode ser tricampeão mundial; no ano passado o vencedor foi um deputado maranhense que chamou indígenas de “viadinhos”; líder ruralista venceu em 2014, com o famoso “índios, gays, quilombolas, tudo que não presta”

A Survival International anunciou ontem os quatro finalistas do tradicional prêmio Racista do Ano, específico para discriminações contra povos indígenas. E, na reta final, os organizadores da edição brasileira dos Jogos Paraolímpicos conseguiram sua vaga. Competem com um cartunista australiano, o presidente de Botsuana e um cineasta indiano.

O motivo da inclusão foi a acusação, em um comunicado oficial, de que os indígenas brasileiros cometem “infanticídio, abuso sexual, estupro, escravidão e tortura”. A declaração ocorreu em um contexto de apoio – posteriormente negado – à Lei Muwaji, que tramita desde agosto de 2015 na Câmara e visa a retirada de crianças indígenas de suas famílias.

O cartunista australiano Bill Leak fez uma charge no jornal The Australian retratando um aborígene como alcoolista e negligente. O presidente de Botsuana, general Ian Khama, disse que os bosquímanos da reserva do Kalahari Central vivem “uma vida primitiva de uma era passada”. Seu governo nega a esse povo o acesso à sua terra. Finalmente, o cineasta indiano Gurmeet Ram Rahim Singh rodou um filme que apresenta os Adivasi como “malignos”.

heinze

BICAMPEONATO

O racismo brasileiro venceu as duas últimas edições do prêmio da organização, voltada para a defesa de direitos indígenas. O deputado estadual Fernando Furtado (PCdoB-MA) conseguiu a façanha no ano passado, após afirmar que os indígenas da Amazônia – segundo ele, “um bando de viadinho” – deveriam morrer de fome. Ele estava numa audiência pública a convite da Associação dos Produtores Rurais de São João do Caru (MA).

Diante da repercussão, ele fez uma retratação. Para a organização, pouco. “É muito provável que esses sentimentos façam parte da motivação por trás dos ataques incendiários contra a população local dos Awá”, registrou a Survival, em referência ao povo que vem sendo sistematicamente vítima de madeireiros.

E, em 2015, foi a vez do deputado Luis Carlos Heinze (PP-RS), por declarar que a pasta do então ministro Gilberto Carvalho – durante o governo Dilma Rousseff – estava aninhada com quilombolas, índios, gays e lésbicas, “tudo o que não presta”. A declaração também foi feita em uma audiência pública, no Rio Grande do Sul, promovida pela Câmara. Heinze presidia, na época, a Frente Parlamentar da Agropecuária, a face institucional da bancada ruralista.

“Façam a defesa que o Pará está fazendo, que o Mato Grosso do Sul está fazendo”, disse o deputado aos fazendeiros. São estados onde ocorre a formação de milícias de proprietários rurais contra povos indígenas.

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