“Carne Fraca”: dona de frigorífico investigado tem fazenda em área indígena

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TI Pimentel Barbosa, no MT, ao lado da TI Wedezé. (Foto: James R. Welch)

Relatório de demarcação da Funai mostra que proprietária do Frigomax, alvo da PF, possui terras na TI Wedezé, dos Xavante, em Cocalinho (MT)

Por Alceu Luís Castilho

Uma das empresárias investigadas na Operação Carne Fraca aparece em lista de fazendeiros que ocupam terras Xavante, no Mato Grosso. Silvia Maria Muffo aparece em 56º lugar na lista de 81 alvos de condução coercitiva divulgada na sexta-feira pela Polícia Federal. Seu frigorífico em Arapongas (PR), o Frigomax, está em 25º lugar na lista de 71 alvos de busca e apreensão.

Ela também em aparece em quarto lugar em outra lista: a de 14 ocupantes não indígenas da TI Wedezé, em Cocalinho (MT). A Fazenda Volta Grande, de sua propriedade, tem 5.957 hectares, e fica na região do Rio das Mortes – reivindicada pelos Xavante.

Os dados constam do livro “Na Primeira Margem do Rio: Território e Ecologia do Povo Xavante de Wedezé“, editado em 2013 pelo Museu do Índio e pela Fundação Nacional do Índio (Funai), em 2013. Um dos autores, o antropólogo Ricardo Ventura Santos, visitou cartórios da região para identificar a cadeia dominial das propriedades.

A TI Wedezé tem 145.881 hectares. As informações de Santos estão no Relatório de Identificação e Delimitação dessa terra indígena, demarcada em 2011 pela Funai – mas anulada por ordem judicial.

A lista de ocupantes não indígenas na terra dos Xavante tem também o nome de Jackeline Trad (678 hectares), ex-mulher do empresário tocantinense Helio Trad, do dono paulista de supermercados Lhozaku Shibata (18.826 hectares), do pecuarista Arnaldo Ferreira Leal (25.625 hectares), do empresário goiano Paulo Sergio Guimarães Sandes (3.756 hectares) e do fazendeiro paulista José Odair Zonta (15.185 hectares).

Em 2003 o governador de Mato Grosso, o atual ministro Blairo Maggi, declarou-se contrário à criação de terras indígenas no estado. O Ministério da Agricultura é um dos alvos da Operação Carne Fraca. A PF fez busca e apreensão em uma das salas do Gabinete do Ministro, no oitavo andar do prédio – perto da sala de Maggi, que pediu licença um dia antes da operação.

De Olho nos Ruralistas não conseguiu localizar Silvia Muffo.

(Foto: Mário Vilela/Funai)

OUTRAS EMPRESAS

A lista de 71 alvos de busca e apreensão da Polícia traz cinco vezes a Brasil Foods, dona das marcas Sadia e Perdigão. A JBS, dona da Friboi e da Seara, aparece uma vez, assim como a própria Seara, o escritório central da rede Subway e a Unifrangos Agroindustrial. A Peccin Agro Industrial, duas vezes. A Central de Carnes Paranaense aparece uma vez, mas suas marcas de frigoríficos Master Carnes, Souza Ramos e Novilho Nobre também estão na lista.

Outras empresas na lista de busca e apreensão são a Big Frango Indústria e Comércio de Alimentos, DaGranja Agroidustrial, Frango a Gosto, Fratelli Comércio de Massas, Frigobeto Frigoríficos, Frigoríficos 3D, Argus, Larissa, Oregon e Rainha da Paz, Primor Beef e as empresas de comércio de alimentos Santa Ana, Smartmeal, Sub Royal e Unidos.

A Rádio Castro, também na lista, pertence ao ex-prefeito de Castro (PR) Reinaldo Cardoso e a Gil Bueno Magalhães, ex-superintendente do Ministério da Agricultura.

LEIA MAIS:
“Carne Fraca”: PF fez busca e apreensão no gabinete de Blairo Maggi

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