Deputados ruralistas que votaram a favor de Dilma dividiram-se em relação a Temer

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‘De Olho’ reúne informações sobre votos dos membros da Frente Parlamentar da Agropecuária em 2016 e 2017; poucos deles tentaram evitar o impeachment

Por Alceu Luís Castilho

Os membros da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) que votaram contra o impeachment de Dilma Rousseff, em 2016, em agosto, dividem-se em dois grupos. Um deles votou a favor da denúncia por corrupção passiva contra o presidente Michel Temer; o outro grupo igualmente defendeu a presidente em abril do ano passado, mas preferiu preservar Temer em 2017.

Apenas 32 deputados signatários da FPA – os que estiveram nas duas votações – compõem esses dois grupos. Outros 124 votaram no melhor dos mundos para Temer: queda de Dilma por pedaladas fiscais e o arquivamento do processo contra ele na Câmara.

Saiba mais sobre esses dados aqui: “Frente Parlamentar da Agropecuária compôs 50% dos votos do impeachment e 51% dos votos para manter Temer“.  Aqui: “Conheça os 124 deputados da FPA que derrubaram Dilma e mantiveram Temer“. E aqui: “Entre os deputados da FPA, 31 derrubaram Dilma e votaram contra Temer em 2017“.

OPOSIÇÃO A TEMER COMPÕE 1º GRUPO, MAS NÃO SÓ

O primeiro grupo é o mais fácil de entender. Salvo pela própria presença numa frente em defesa do agronegócio – o que expõe as contradições da antiga base governista. (Há casos como o do ex-petista Assis do Couto, do PDT-PR, de deputados que se definem como progressistas e dizem defender os pequenos produtores.)

São 18 deputados majoritariamente aliados de Dilma Rousseff – entre eles quatro petistas e uma deputada do PCdoB – e, principalmente, parlamentares não automaticamente alinhados com o governo Temer.  Por motivos diversos.

Um dos nomes da região Norte ajuda a entender o fenômeno. É o do deputado Irajá Abreu (PSD-TO). Ele é filho da senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), ministra da Agricultura durante o governo Dilma, amiga da ex-presidente, ameaçada de expulsão do PMDB por manter o apoio a Dilma. Ambos não podem ser acusados de não serem ruralistas.

Mas há casos menos identificáveis. Principalmente quando os deputados fazem parte de partidos da base de apoio a Temer, como o PMDB, o PSD e o PR. Mas a região Nordeste – onde o apoio ao PT ainda era muito forte em 2016 – pode ser uma pista para os votos.

Vejamos a lista dos que votaram não ao impeachment em 2016 e não ao arquivamento da denúncia contra Temer em 2017:

Região Norte:

-> César Messias (PSB-AC)
-> Irajá Abreu (PSD-TO)

Irajá e a mãe, senadora Kátia Abreu, ex-ministra de Dilma. (Foto: Leilane Marinho/O Eco)

Região Nordeste:

-> Givaldo Carimbão (PHS-AL)
-> Alice Portugal (PCdoB-BA)
-> Félix Mendonça Júnior (PDT-BA)
-> Paulo Magalhães (PSD-BA)
-> Sergio Brito (PSD-BA)
-> Weverton Rocha (PDT-MA)
-> Wellington Roberto (PR-PB)
-> Zenaide Maia (PR-RN)

Um dos casos mais curiosos é o do deputado Paulo Magalhães (PSD-BA). Ele votou contra Dilma Rousseff na Comissão Especial que levou a votação contra a presidente para o plenário. Lá, porém, ele a absolveu – o que não fez em relação ao processo contra Michel Temer.

Região Centro-Oeste:

-> Dagoberto (PDT-MS)

Região Sudeste:

-> Gabriel Guimarães (PT-MG)
-> Leonardo Monteiro (PT-MG)
-> Celso Pansera (PMDB-RJ)
-> Vicente Cândido (PT-SP)

Região Sul:

-> Assis do Couto (PDT-PR)
-> Afonso Motta (PDT-RS)
-> Pedro Uczai (PT-SC)

Outros cinco deputados votaram contra o impeachment de Dilma, mas não estiveram em agosto na sessão que derrubou a investigação contra Temer.

Dois deles ausentaram-se: Vicentinho Júnior (PR-TO) e Marcelo Castro (PMDB-PI), mais próximos do perfil dos que apoiariam Temer.

Três deputados da FPA – dois deles petistas – apoiaram Dilma em 2016, mas não estavam na lista de 513 deputados em agosto de 2016. São eles: Sibá Machado (PT-AC), Ságuas Moraes (PT-MT) e Valtenir Pereira (PMDB-MT).

NORTE E NORDESTE COMPÕEM O GRUPO ‘CONTRADITÓRIO’

Outros 14 deputados que defenderam Dilma Rousseff em abril de 2016 votaram pelo arquivamento da denúncia contra Temer, em agosto.

Somente dois deles são do Sudeste, entre eles um nome de peso durante o governo Dilma, o de Leonardo Picciani (PMDB-RJ). O que não o impediu de trocar de lado.

Todos os demais são do Norte e Nordeste e costumam ser associados ao chamado baixo clero, sem grande influência nos rumos do Congresso nem no cotidiano da Frente Parlamentar da Agropecuária.

São eles:

Região Norte:

-> Jozi Araujo (PTN-AP)
-> Roberto Góes (PDT-AP)
-> Elcione Barbalho (PMDB-PA)
-> Lúcio Vale (PR-PA)
-> Simone Morgado (PMDB-PA)
-> Edio Lopes (PR-RR)

Região Nordeste:

-> João Carlos Bacelar (PR-BA)
-> José Carlos Araújo (PSD-BA)
-> José Rocha (PR-BA)
-> Domingos Neto (PMB-CE)
-> Paes Landim (PTB-PI)

Região Sudeste:

-> Aelton Freitas (PR-MG)
-> Leonardo Picciani (PMDB-RJ)

O deputado Aníbal Gomes (PMDB-CE) faltou à sessão que julgou Dilma, em 2016, e votou a favor de Temer em 2017.

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