População de Juruá (AM) ameaça indígenas e os impede de trabalhar e se locomover

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População de Juruá (AM) protesta contra a presença de indígenas na cidade. (J.Rocha / Cimi Norte I)

Cimi informa que, desde segunda, os Madija Kulina evitam sair às ruas por medo dos moradores, que acusam membros da etnia de um homicídio; tensão existe há quatro anos

As 30 famílias da etnia Madija Kulina que vivem na cidade de Juruá (672 quilômetros a oeste de Manaus) estão sendo ameaçadas por parte dos 13 mil habitantes do local. Desde segunda (27/08), várias manifestações têm ocorrido na cidade contra a presença dos indígenas, segundo relato do Conselho Indigenista Missionário (Cimi).

“Os indígenas estão sendo forçados a permanecerem em suas casas, impedidos de sair para trabalhar temendo sofrer agressões por parte de populares”, informa o Cimi Norte.

A tensão começou após a morte do morador Moisés Lima, 60 anos, cujo corpo foi encontrado no início da semana. Turosso Madija Kulina, da aldeia Beiradão e Dimodo Madija Kulina, da Aldeia Mapiranga, são suspeitos do crime, de acordo com o relato do Cimi.

O conselho indigenista denuncia que, na terça-feira, uma criança de dez anos e outra de 12 anos foram levadas ao Batalhão de Polícia Militar para depor sem a companhia dos responsáveis ou do Conselho Tutelar. Na quarta-feira, a Polícia Militar foi à reserva indígena em busca dos acusados.

Ainda na terça, o comandante do 10º Grupamento de Polícia Militar, tenente Ageu de Araújo, informou ao Batalhão de Polícia Militar de Tefé que “populares estão ameaçando fazer justiça com as próprias mãos”.

A coordenadora técnica da Fundação Nacional do Índio (Funai) de Carauari, Ercília da Silva Vieira, notificou na quarta-feira o Ministério Público Federal (MPF) e a Polícia Federal.

A tensão entre os indígenas e a população local não é fato novo na cidade. Em agosto de 2014, o professor Madija Kulina foi morto em um campo de futebol da cidade. As suspeitas na época recaíram sobre seis adolescentes da cidade.

Em fevereiro daquele mesmo ano, o juiz Leoney Figliuolo Harraquian, da Comarca de Eirunepé (AM), havia proibido a venda de bebidas alcoólicas a indígenas, restringido a permanência deles no prazo máximo de 48 horas na sede da cidade.

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