Integrante de clã de desmatadores da Amazônia é eleito prefeito em Minas

In Amazônia, De Olho na Política, De Olho no Agronegócio, Em destaque, Grilagem, Latifundiários, Principal, Últimas

Fabinho Gardingo será prefeito de Matipó, em Minas Gerais, pela terceira vez; família dele está envolvida em acusações de exploração de trabalho escravo e formação de milícia rural em municípios como Lábrea e Boca do Acre, no Amazonas

Por Leonardo Fuhrmann

Pela terceira vez, Fábio Henrique Gardingo, 41 anos, elegeu-se prefeito de Matipó, pequeno município com menos de 20 mil habitantes na Zona da Mata, em Minas Gerais, cuja principal atividade é a produção de café. Ele recebeu pouco mais de 51,6% dos votos válidos. Ele foi um dos personagens da série “O Voto que Devasta“, no ar desde o dia 28 de outubro: “Membro de família de desmatadores na Amazônia sugere Secretaria do Ambiente em Minas“.

Fabinho Gardingo, como é conhecido o representante de uma família envolvida com a destruição da Floresta Amazônica, em especial no sudoeste do Amazonas, nos municípios de Lábrea e Boca do Acre. Os Gardingo são citados como exemplo de políticos de fora da Amazônia que estão envolvidos no desmatamento em reportagem feita pelo De Olho nos Ruralistas e publicada na quinta-feira (12) pelo El País: “Políticos avançam com terras e multas nos municípios que mais desmatam“.

Os Gardingo são apontados como responsáveis por outros crimes na região, como exploração de trabalho escravo e uso de milícias para a apropriação de terras públicas e de pequenos posseiros. O principal nome ligado ao desmatamento é o de Sebastião Gardingo, o Tãozinho, de 73 anos, tio de Fabinho e também ex-prefeito de Matipó.

Tãozinho é dono de mais de vinte propriedades em Lábrea e Boca do Acre. Ele recebeu seis multas do Ibama por desmatamento em Boca do Acre no valor de R$ 2.075.176,00, em 2004. Irmã de Tãozinho e tia de Fabinho, Esperança Gardingo Muratori Carvalho foi multada pelo Ibama em R$ 1.145.000,00 por desmatamento em Lábrea, em 2019.

Ele e Antônio Fábio, pai de Fabinho, estiveram na lista suja do trabalho escravo. Em julho de 2011, a Superintendência Regional do Trabalho e Emprego no Amazonas (SRTE/AM), o Ministério Público do Trabalho (MPT) e a Polícia Rodoviária Federal (PRF) encontraram 42 trabalhadores em regime de escravidão — entre eles, seis adolescentes — nas Fazendas Santa Terezinha do Monte, de Antônio Fábio, e Fazendas Simonike e Kero Kero, de Tãozinho.

MILÍCIA AMEAÇAVA CAMPONESES PARA INVADIR TERRAS DA UNIÃO

A Operação Ojuara, da Força-Tarefa Amazônia de Combate ao Desmatamento Ilegal, Grilagem e Violência Agrária do Ministério Público Federal (MPF) teve Tãozinho como um dos alvos. Segundo a denúncia, ele faz parte de uma organização criminosa responsável por invasões de terras da União e desmatamentos em larga escala no município de Boca do Acre.

Segundo os procuradores da República, “para garantir a continuidade e a impunidade de suas atividades criminosas”, latifundiários da região recorreram ao uso de violência contra pequenos agricultores e coletores, pagamentos de propina, lavratura de autos de infração em nome de “laranjas” e apresentação de defesas administrativas elaboradas pelo próprio Superintendente do Ibama no Estado do Acre.

O MPF aponta que o grupo somou R$ 147.483.066,19 em multas aplicadas pelo Ibama, pela destruição de uma área de 86.091,16 hectares de Floresta Amazônica.

Leonardo Fuhrmann é repórter do De Olho nos Ruralistas |

Foto principal (Facebook/reprodução): Lábrea, no Amazonas, é uma das áreas de influência da família de prefeito eleito em Matipó (MG)  

You may also read!

Proprietária que reivindica terras em Jericoacoara é sobrinha de governadores da ditadura

Tios de Iracema Correia São Tiago governaram o Ceará e o Piauí durante os anos de chumbo; os três

Read More...

Clã que se diz dono de Jericoacoara foi condenado por fraude milionária em banco cearense

Ex-marido de Iracema São Tiago dirigiu o Bancesa, liquidado por desviar R$ 134 milhões da União e do INSS

Read More...

Prefeitura de SP nega superfaturamento e diz que obra de R$ 129 milhões segue “ritos legais”

Investigada por irregularidades, Ercan Construtora foi contratada para obra emergencial em talude na comunidade Morro da Lua, no Campo

Read More...

Leave a reply:

Your email address will not be published.

Mobile Sliding Menu