Entre os 278 votos que triplicaram o Fundo Eleitoral para R$ 5,7 bilhões, 140 são de integrantes da Frente Parlamentar da Agropecuária, fora as ausências e abstenções; integrantes da FPA no Senado representaram 60% dos votos relativos ao orçamento para 2022
Por Luís Indriunas
Mais uma vez, a bancada ruralista foi decisiva para as intenções do governo Bolsonaro e do Centrão no Congresso. Aprovada a toque de caixa na quinta-feira (15), a Lei de Diretrizes Orçamentarias (LDO) para 2022 recebeu 278 votos a favor na Câmara. No Senado, 40.
Na Câmara, 140 integrantes da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) votaram sim, o que representa 50% dos votos. No Senado, 24 membros da frente também apoiaram a proposta do governo, o equivalente a 60% dos votos favoráveis. Apenas 43 deputados e oito senadores ruralistas disseram não à proposta.
Além de aprovar um déficit de R$ 170,47 bilhões para o governo federal, a LDO praticamente triplicou o Fundo Eleitoral, passando dos cerca de R$ 2 bilhões gastos nas eleições de 2020 para R$ 5,7 bilhões previstos para 2022, quando novos deputados, senadores, governadores e presidente serão escolhidos nas urnas.
A aprovação da LDO também deu um respiro para o governo federal, já que o recesso parlamentar só poderia acontecer depois de sua aprovação. Com os dias de folga dos parlamentares em curso, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid não pode fazer audiências até o início de agosto.
Sem ter sido apresentada com antecedência pelo governo, a LDO tramitou às pressas e sem discussão alguma. A Comissão Mista de Orçamento, responsável pela análise, foi instalada no dia 07. Uma semana depois a lei estava senado votada pelo plenário das duas casas legislativas.
Entre os integrantes da bancada ruralista que votaram pelo aumento do Fundo Eleitoral estão nomes de destaque e ligados ao governo federal, como os deputados Neri Geller (PP-MT), Paulo Bengston (PTB-PA), Efraim Filho (DEM-PB), Bia Kicis (PSL-DF), Magda Mofatto (PL-GO), Alceu Moreira (MDB-RS) e Sérgio Souza (MDB-PR). Souza é o atual presidente da FPA; Moreira, seu antecessor. O próprio relator da LDO, Juscelino Filho (DEM-MA), é integrante da frente.
Entre os senadores, votaram pela LDO a ex-ministra da Agricultura Kátia Abreu (Progressistas-TO) e seu filho Irajá (PSD-TO), Luis Carlos Heinze (PP-RS) e Nelsinho Trad (PSD-MS). Heinze é outro expoente da bancada ruralista, também foi presidente da FPA e se tornou mais conhecido pela atuação na CPI da Covid. É o autor da célebre frase: “Tudo o que não presta, índios, gays, lésbicas, quilombolas, tudo o que não presta…”
MAIS DE 60 RURALISTAS DECIDIRAM SE AUSENTAR
Cinquenta e oito deputados ruralistas não apareceram para votar a LDO, bem mais que os 43 integrantes da FPA que votaram contra o governo. Entre eles, estão os deputados José Medeiros (Podemos-MT), Newton Cardoso Júnior (MDB-MG), Ricardo Barros (PP-PR), Shéridan (PSDB-RR) e Elcione Barbalho (MDB-PA).
No Senado, sete parlamentares da frente não foram votar. Ex-marido de Elcione, o ex-governador Jader Barbalho (MDB-PA) foi um dos que preferiram não comparecer, assim como outros nomes de destaque da frente, como Esperidião Amin (PP-SC) e Acir Gurgacz (PDT-RO).
| Luís Indriunas é editor do De Olho nos Ruralistas. |
|| Colaborou Bruno Stankevicius Bassi, coordenador de projetos do observatório. ||
Foto principal (Pablo Valadares/Câmara): relator da LDO, Juscelino Filho (DEM-MA), integra a FPA
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