Executivo-chefe da Radar, gestora de propriedades rurais do grupo usineiro, Colin Butterfield comandará nos EUA fundo ligado a commodities; setor usineiro era crítico de Dilma Rousseff
Por Alceu Luís Castilho
A coluna de Sonia Racy, no Estadão, conta nesta quinta-feira (22/09) que o diretor-presidente da Radar, Colin Butterfield, era o falso repórter Nilo Campos, do movimento Vem Pra Rua. Uma figura carimbada das manifestações pela queda de Dilma Rousseff. A Radar pertence ao grupo Cosan, o mais poderoso do setor usineiro no país, hoje com tentáculos em vários setores da economia. Os usineiros, por sua vez, estiveram entre os principais críticos da gestão da ex-presidente.
Butterfield já presidiu a Cosan Alimentos. E em outubro estará de trabalho novo. Em agosto ele foi nomeado pela Universidade de Harvard chefe de um fundo de US$ 3,6 bilhões para investimentos em um portfolio de “recursos naturais” em países em desenvolvimento. Entre eles o Brasil. Mais precisamente, no setor que o agronegócio chama de florestal – de exploração de madeira. Em inglês, “timberland” = ativos florestais.
“O portfólio inclui ativos florestais no Brasil e em outros países em desenvolvimento, de acordo com relatórios da universidade”, informa a Bloomberg. “O portfólio de recursos naturais e commodities rendeu 3,5% ao ano em junho de 2015”. A entrada de Harvard nesse mercado ocorre em um contexto de acenos – do Congresso e do governo – para a venda de terras para estrangeiros. O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, declarou-se ontem a favor dessa liberação.
A Radar é uma joint venture entre a Cosan e o TIAA, um fundo de pensão ligado a pesquisadores O TIAA é uma das 100 maiores corporações financeiras estadunidenses, movimentando ativos da ordem de US$ 899 bilhões. Segundo a Cosan, a Radar administra hoje 270 mil hectares em nove estados do país (SP, GO, PI, MT, MS, MA, MG, TO e BA). São mais de 555 propriedades agrícolas, voltadas principalmente para cana-de-açúcar e grãos (soja, algodão, milho).
DO ESCRITÓRIO À RUA
Butterfield aparecia nos atos pelo impeachment de peruca colorida, como Nilo Campos (Nilo C é o contrário de Colin). “Sou executivo de uma grande empresa e achei melhor não aparecer”, disse ao Estadão. Era chamado pelo amigo Rogério Chequer para entrevistar manifestantes. Os dois lançaram livro na terça-feira, em São Paulo, sobre o Vem pra Rua, definido por eles como o “movimento popular que mobilizou o Brasil”. Com direito à presença de Miguel Reale Júnior e Hélio Bicudo, ambos protagonistas da queda de Dilma, e do senador Aloysio Nunes (PSDB-SP).