Com dívida de R$ 1,7 bilhão, Odebrecht Agroindustrial negociou propina com ex-presidente do BB

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Delações mostram que Aldemir Bendine pediu comissão de 1% da dívida, segundo o Valor Econômico, para acelerar o processo de renegociação

A divisão agroindustrial da Odebrecht acumulou uma dívida de R$ 1,7 bilhão com o Banco do Brasil. A solução? Negociar propina com o ex-presidente do BB, Aldemir Bendine. O jornal Valor destacou o esquema, conforme a descrição feita por dois delatores na Operação Lava-Jato.

A Odebrecht Agroindustrial possui usinas de açúcar e álcool e está presente em quatro estados: são três usinas no Mato Grosso do Sul, quatro em São Paulo, três em  Goiás e uma no Mato Grosso.

A negociação e o pedido para “acelerar” esse processo no Banco do Brasil apareceram durante as delações de Marcelo Odebrecht, ex-presidente e herdeiro da empresa, e de um ex-presidente da Odebrecht Ambiental, Fernando Reis.

Aldemir Bendine teria pedido 1% da dívida. (Foto: EBC)

O Valor conta que Aldemir Bendine teria pedido uma comissão, no valor de 1% da dívida, para “agilizar” a renegociação em 2014. O jornal destaca as quantias que chegaram a ser pagas:

– Dos R$ 17 milhões pedidos, a Odebrecht chegou a fazer o pagamento de três parcelas de R$ 1 milhão, sendo que duas delas foram pagas após a prisão de Marcelo Odebrecht, em junho de 2015.

SETOR ESTÁ ENDIVIDADO

Dados da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional mostram que 4.013 pessoas físicas e jurídicas detentoras de terra devem R$ 906 bilhões, uma dívida maior que o PIB de 26 estados. O montante é equivalente à metade do que todo o estado brasileiro arrecadou em 2015. Ou aproximadamente 22 petrolões.

Cada um dos 4.013 devedores tem dívidas acima de R$ 50 milhões. Segundo dados do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), há um grupo ainda mais seleto de 729 proprietários que declararam possuir 4.057 imóveis rurais, somando uma dívida de R$ 200 bilhões. As terras pertencentes a esse grupo abrangem mais de 6,5 milhões de hectares, segundo informações cadastradas no Sistema Nacional de Cadastro Rural.

O setor também lidera dívidas com a Previdência. Em Mato Grosso do Sul, conforme noticiou o jornal Midiamax, as empresas agrícolas lideram a lista das 40 empresas com maior dívida de FGTS no estado. Juntas, as nove empresas ligadas ao açúcar e álcool devem mais de R$ 71,9 milhões.

Em todo o Brasil, dados da Procuradoria mostram que 500 empresas têm uma dívida de R$ 426,07 bilhões. A segunda empresa que mais deve é a JBS, também investigada na Lava-Jato, com R$ 1,8 bilhão.

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