De Olho nos Ruralistas alinha-se ao cientista Miguel Nicolelis na defesa de um bloqueio nacional rígido, como forma emergencial de barrar o avanço da Covid-19 no Brasil; veículos de imprensa precisam tomar posição clara a respeito, sob pena de serem cúmplices
Por Alceu Luís Castilho
A diferença é clara: sem lockdown, o Brasil assistirá a uma matança por Covid-19 ainda maior, nos próximos meses. Com lockdown, centenas de milhares de vidas podem ser salvas. De Olho nos Ruralistas alinha-se ao cientista Miguel Nicolelis, que em seu podcast no El País defendeu a necessidade imediata — emergencial — de um bloqueio nacional rígido, resguardados serviços essenciais, para diminuir o índice de transmissão e o país poder respirar, durante o combate à pandemia.
O lockdown foi o tema do terceiro vídeo da série De Olho no Genocídio, iniciada em março. Essa série se inspira na editoria homônima, criada pelo observatório em junho de 2020, e busca apontar os vários responsáveis pelo massacre em curso no Brasil.
Confira o vídeo:
O primeiro vídeo da série faz um panorama do genocídio — dessa matança por decisão política no Brasil — a partir de seu principal personagem, o presidente Jair Bolsonaro: “Brasil precisa se organizar para punir Bolsonaro“. O segundo vídeo, inspirado pelo gesto de “poder branco” feito por um assessor importante do governo, aborda as conexões do bolsonarismo com movimentos racistas internacionais, entre eles o próprio nazismo: “Entenda como governo Bolsonaro é supremacista“.
O próximo vídeo será sobre o papel do capital. Dos empresários, das empresas. Do mercado.
De Olho nos Ruralistas defende que a imprensa suba o tom em relação ao massacre. Uma vez, o cineasta Jean-Luc Godard ironizou o suposto equilibrismo de parte da imprensa, referindo-se a determinadas coberturas televisivas: “Cinco minutos para Hitler, cinco minutos para os judeus”. Ou seja, a noção de proporcionalidade é obrigatória para a imprensa, em diálogo direto com seu compromisso histórico de defender os direitos humanos.
A posição do observatório é por uma punição internacional para Bolsonaro e seus principais apoiadores. Seja dentro do governo, seja fora dele, entre engravatados, togados e empresários. Inclusive os donos de meios de comunicação. Assistir a uma matança nessa escala sem apontar os responsáveis — o que continuaremos a fazer nos próximos vídeos — significaria cumplicidade.
| Alceu Luís Castilho é diretor de redação do De Olho nos Ruralistas. |
Imagem principal: De Olho nos Ruralistas
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