Nomes como Sônia Guajajara, Daniel Munduruku, Ricardo Galvão e Gabriel Colombo debatem alternativas ao projeto destruidor da bancada ruralista; De Olho apresenta vídeos com candidatos indígenas e quilombolas e dossiês sobre financiadores e operadores da boiada
Por Mariana Franco Ramos
Como reagir aos projetos de destruição em curso no país? É possível formar uma bancada socioambiental de peso, já em 2022? De Olho nos Ruralistas realiza nesta quarta-feira (31/08), a partir das 19h30, no Ateliê do Bixiga, em São Paulo, o debate “A boiada vai às urnas”. Haverá filmagem e transmissão on line.
Vamos reunir ativistas, jornalistas, candidatas e candidatos que apoiam a luta dos povos do campo, em especial indígenas, quilombolas e camponeses, para propor alternativas ao agronegócio, ao governo genocida de Jair Bolsonaro, ao Centrão e à bancada ruralista.
Confirmaram presença nomes como Gabriel Colombo (PCB), que concorre ao governo paulista; os líderes indígenas Sônia Guajajara (PSOL) e Daniel Mundukuru (PDT), candidatos à deputado federal; Ricardo Galvão (Rede), ex-diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), vítima da censura do governo Bolsonaro, que também busca uma vaga na Câmara.
Dois candidatos à Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) também confirmaram presença no debate: Claudia Visoni (PV), do Coletivo Alimenta SP, e a engenheira agrônoma — e camponesa — Adélia Farias (PT). Claudia é co-deputada na Alesp, no mandato coletivo de Mônica Seixas (PSOL), da Bancada Ativista.
A editora Gisele Lobato apresentará o Ruralômetro 2022, plataforma de dados e consulta da Repórter Brasil que mede a “febre ruralista” dos parlamentares. Ela foi uma das coordenadoras dessa edição do Ruralômetro.
A ferramenta indica se um deputado federal atua de forma positiva ou negativa para o ambiente, trabalhadores do campo, indígenas e outros povos tradicionais. Nas nossas redes sociais, publicamos as mini-bios de cada convidada ou convidado.
CONHEÇA AS CANDIDATURAS INDÍGENAS, QUILOMBOLAS E CAMPONESAS
A série audiovisual De Olho na Resistência foi retomada este mês por este observatório, para apresentar as candidaturas dos povos do campo e outras candidaturas do campo hegemônico: pelo ambiente, pela alimentação saudável, em enfrentamento à violência no campo e pela diversidade no Congresso.
O primeiro vídeo da série mostrou as candidaturas quilombolas ao Congresso e às Assembleias Legislativas e Distrital: “Conheça as candidaturas quilombolas em 13 estados“. Na última quinta-feira (24) foi divulgado o programa especial sobre as candidaturas indígenas:
Dois desses candidatos — Sônia Guajajara e Daniel Munduruku — estarão presentes no debate. A agrônoma Adélia Farias será um dos personagens do próximo vídeo da série, que será divulgado nesta quinta-feira (01/09). Ricardo Galvão fará parte do programa especial sobre ambiente. Claudia Visoni, do vídeo sobre as bancadas da agroecologia, da alimentação saudável.
Em todos os casos os povos do campo voltarão a estar presentes, como símbolo desse Congresso alternativo à bancada ruralista, às monoculturas — como aqueles que vivem diariamente a biosociodiversidade.
De Olho nos Ruralistas está atualizando diariamente a lista de candidatos indígenas, quilombolas e camponeses. Os leitores podem enviar suas sugestões para o observatório. Os candidatos, seus vídeos, com suas opiniões sobre os temas mencionados e quaisquer temas agrários (o que inclui os temas ambientais) que julguem importante serem debatidos no Congresso.
Os principais vídeos serão veiculados antes da realização do primeiro turno, no dia 02 de outubro.
Enquanto isso, nossos olhos estarão atentos ao que acontece neste momento no campo.
SÉRIE RETRATA PERPETUAÇÃO DA VIOLÊNCIA NO CAMPO SOB BOLSONARO
Na abertura do evento, o diretor de redação do observatório, Alceu Luís Castilho, vai contar os bastidores da série de videoreportagens Terror Agrário. Ao longo de dois meses, nossa equipe visitou aldeias, quilombos e assentamentos, relatando o terror imposto por atores do agronegócio e pela política agrária bolsonarista.
Três deles já foram ao ar, retratando situações no Maranhão, no Pará e no Mato Grosso. O primeiro, em São João do Soter (MA): “‘Desmatam o quilombo enquanto o Lula não vem’“. O segundo, em Marabá (PA): “Lago dos Macacos, no Pará, tem ataques desde início do governo Bolsonaro“. Outros repórteres estão e estarão em campo para contar mais histórias desse país que vive sob o signo da violência — mas também da resistência.
No vídeo mais recente, mostramos que nem crianças escapam desse terror:
DOSSIÊ INÉDITO MOSTRA AS DIGITAIS CORPORATIVAS DOS LÍDERES DA BANCADA RURALISTA
O público também conhecerá, em primeira mão, os dados do dossiê “Os Operadores da Boiada”, que revela os perfis de mais de 50 vcongressistas da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), com destaque para os conflitos de interesses envolvendo multinacionais do setor e o governo Bolsonaro.
“Nós mostramos quem são os financiadores da boiada, empresas do mundo todo, e queremos mostrar também as digitais corporativas por trás de cada líder da bancada ruralista”, explica Castilho. No primeiro relatório sobre o assunto, “Os Financiadores da Boiada“, destacamos como as grandes corporações sustentam a FPA e patrocinam o desmonte socioambiental.
“Os conflitos de interesses em relação aos temas agrários nem sempre inspiram a atenção necessária da imprensa comercial”, lembra o diretor de redação. “E não temos dúvida de que, para a boiada passar, é preciso o aval não somente do Centrão, mas da bancada ruralista. A porteira tem quem toque diariamente seus berrantes”.
O observatório realiza nestas eleições uma cobertura especial, com o objetivo de esmiuçar as políticas agrárias e ambientais dos últimos anos, as candidaturas do agronegócio e o funcionamento da FPA. Até 02 de outubro lançaremos novos dossiês e multiplicaremos as reportagens e os vídeos.
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| Mariana Franco Ramos é jornalista. |
Imagem principal (De Olho nos Ruralistas): observatório convidou representantes de seis partidos para discutir a formação de uma bancada contra-hegemônica
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