Deputados ruralistas defendem o terror em Brasília ou o minimizam

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Líder no governo Bolsonaro, Ricardo Barros (PP-PR) chamou terroristas de “brasileiros de cara limpa”; José Medeiros (PL-MT) quer golpe no STF; Pedro Lupion (PP-PR), que comandará Frente Parlamentar da Agropecuária, condenou violência em contexto de “manifestações legítimas”

Por Mariana Franco Ramos

O deputado federal Pedro Lupion (PP-PR), que assume em 2023 a presidência da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), minimizou os atos terroristas protagonizados neste domingo (08) por apoiadores de Jair Bolsonaro. Os invasores depredaram o Congresso, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília.

Apesar de condenar o vandalismo, ele chamou, em post no Twitter, as ações golpistas que motivaram a intervenção federal no Distrito Federal de “manifestações  legítimas da população brasileira”. Sobre a destruição do patrimônio público, o pepista afirmou não representar a direita brasileira. “Cabe aos líderes agora acalmar e colocar a situação em ordem”, escreveu.

Lupion é filho do ex-deputado federal Abelardo Lupion, ex-presidente da FPA e fundador da União Democrática Ruralista (UDR) do Paraná. É também bisneto do ex-governador do estado Moysés Lupion, responsável por um dos maiores esquemas de grilagem da história brasileira.

Em entrevista coletiva, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que “o agronegócio maldoso” estava presente nas depredações. “Aquele agronegócio que quer usar agrotóxico, sabe?”. Lula assegurou que o governo irá identificar e punir os financiadores dos atos terroristas.

Alceu Moreira (MDB-RS), que já presidiu a bancada ruralista, rebateu as declarações: “Atribuir ao agro brasileiro a responsabilidade por estas barbáries é tão irresponsável como os atos praticados, ainda vindo de quem veio”.

DEPUTADO JOSÉ MEDEIROS DEFENDE GOLPE CONTRA O SUPREMO

Outros líderes e membros da FPA relativizaram as cenas de terror registradas na Praça dos Três Poderes. Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo Bolsonaro na Câmara, articulador de encontros do presidente com a bancada ruralista, chegou a incitar o golpismo. “Ele não convenceu a sociedade de que a urna era confiável”, comentou, na CNN, em referência a Lula e ao sistema eleitoral, comprovadamente seguro. “São brasileiros de cara limpa”, completou, sobre os terroristas.

Defensor do garimpo ilegal e um dos bolsonaristas mais ferrenhos, José Medeiros (PL-MT) foi além. “Órgão de imprensa vagabundo chamando povo cansado de sacanagem das instituições e da imprensa de terroristas”, postou.

Medeiros incitou, ainda, o golpe contra o STF. “Essas pessoas estariam em casa se o complexo de soberano não tivesse sido tão forte no ministro Alexandre”, acusou. “Ao decidir não dar explicação para dúvidas simples, gerou revolta de quem verdadeiramente tem o poder, o povo, não se enganem  ou baixa a bola ou vai piorar”.

O youtuber bolsonarista Alan Lopes Santana (PL-RJ), que se elegeu deputado estadual no Rio de Janeiro, convocou uma greve no agronegócio. “Instabilidade política, inflação explodindo, dólar nas alturas, caos social”, ameaçou. “O ladrão vai cair!”

| Mariana Franco Ramos é jornalista. |

Imagem principal (Divulgação/FPA): Pedro Lupion é bisneto de Moysés Lupion, responsável por um dos maiores esquemas de grilagem da história brasileira

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