Apresentadora da Record diz que índios têm de morrer de malária, sem remédios

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Crítica da Imperatriz Leopoldinense ao agronegócio revolta jornalista ligada ao setor; ela quer preservar cultura somente de “índio original”

O tema de carnaval da Imperatriz Leopoldinense está incomodando setores da imprensa que defendem o agronegócio. Jornalistas ligados ao tema estão utilizando seus espaços para criticar a escola carioca, que vai levar à avenida o tema Xingu, o Clamor que Vem da Floresta!. O samba-enredo contém críticas ao “belo monstro” (referência à Usina de Belo Monte) que “rouba as terras, devora as matas e seca os rios”. É na sinopse que estão crítica mais diretas ao agronegócio.

Fabélia Oliveira, do programa Sucesso no Campo, da Record Goiás, foi a que mais elevou o tom contra a escola de samba. Ela chama de heróis “os produtores que trabalham de sol a sol”, para alimentar a população. E pergunta: “Que conhecimento eles (os carnavalescos) têm para falar do homem do campo? Para falar do índio, da floresta?

Ela diz que só é a favor da preservação da cultura indígena se eles forem viver “a cultura deles”. “Se o índio for original”, considera. E tece estas considerações, na abertura do programa de domingo (08/01):

– Deixar a mata reservada para comer de geladeira não é cultura indígena, não. Eu sinto muito. Se ele quer preservar a cultura ele não pode ter acesso à tecnologia que nós temos. Ele não pode comer de geladeira, tomar banho de chuveiro e tomar remédios químicos. Porque há um controle populacional natural. Ele vai ter que morrer de malária, de tétano, do parto. É… a natureza. Vai tratar da medicina do pajé, do cacique, que eles tinham. Aí justifica.

Confira aqui o vídeo:

É na sinopse do enredo, a rigor, e não nele mesmo (focado na crítica à Usina de Belo Monte e defesa dos indígenas do Xingu), que estão as críticas que foram tomadas pelo agronegócio como críticas ao setor. Vejamos um trecho:

– Caraíba não mede consequências. Acredita na sua ciência, buscando o que chama de progresso. Derruba floresta, espalha veneno e acha o mundo pequeno para semear tanta arrogância. Invade nossas terras, liga a motosserra e no lugar dos troncos sagrados, planta ganância.

Segue abaixo o enredo da Imperatriz Leopoldinense:

Brilhou… a coroa na luz do luar!
nos troncos a eternidade… a reza e a magia do pajé!
na aldeia com flautas e maracás
Kuarup é festa, louvor em rituais
na floresta… harmonia, a vida a brotar
sinfonia de cores e cantos no ar
o paraíso fez aqui o seu lugar
jardim sagrado o caraíba descobriu
sangra o coração do meu Brasil
o belo monstro rouba as terras dos seus filhos
devora as matas e seca os rios
tanta riqueza que a cobiça destruiu

Sou o filho esquecido do mundo
minha cor é vermelha de dor
o meu canto é bravo e forte
mas é hino de paz e amor

Sou guerreiro imortal derradeiro
deste chão o senhor verdadeiro
semente eu sou a primeira
da pura alma brasileira

Jamais se curvar, lutar e aprender
escuta menino, Raoni ensinou
liberdade é o nosso destino
memória sagrada, razão de viver
“andar aonde ninguém andou”
“chegar aonde ninguém chegou”
lembrar a coragem e o amor dos irmãos
e outros heróis guardiões
aventuras de fé e paixão
o sonho de integrar uma nação
kararaô… kararaô… o índio luta pela sua terra
da Imperatriz vem o seu grito de guerra!

Salve o verde do Xingu… a esperança
a semente do amanhã… herança
o clamor da natureza
a nossa voz vai ecoar… preservar!

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5 commentsOn Apresentadora da Record diz que índios têm de morrer de malária, sem remédios

  • Pingback: VÍDEO: Apresentadora da Record diz que índio tem que morrer de malária e sem remédio | Politica Aplicada ()

  • Deixemos de comer frutas e de fazer tudo que aprendemos na mistura de nossas culturas. Que comentário infeliz, Fabélia…

  • Essa pseudo jornalista deveria é ser processada por apologia ao genocídio de uma minoria.
    MP cadê vc?

  • Essa jornalista deve ser patrocinada por grandes corporações que se dizem “produtoras”, grandes latifundiários que quebram regras pra lucrar um pouquinho mais….Precisamos sim de tecnologia para minimizar os impactos!! Se não, em breve não haverá mais agricultura nem meio ambiente.

  • “Jornalista goiana”. Infelizmente essa raça de “jornalistas” daqui de Goiás, em sua grande maioria são muito ignorantes. Talvez devido ao conservadorismo dos meios de comunicação goianos, que normalmente dão espaço para esse tipo de gente é que nos faz pagar mico quase diariamente exibindo esse tipo de “jornalista”. Quando ligamos rádio, televisão aqui em Goiás, até mesmo em nossa imprensa escrita, dioturnamente deparamos com pessoas despreparadas como essa, simplesmente devido á ideologia de extrema-direita de nossos meios de comunicação que, para não dar espaço para jornalistas de nível que para eles normalmente são de esquerda, aceitam contratar qualquer porcaria que tenha a mesma ideologia. Tai o resultado…

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