Le Monde faz perfil de Tereza Cristina e a chama de “Senhora Desmatamento” de Bolsonaro

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Jornal francês diz que “dama de ferro dedicada ao agronegócio” fez uma política que “acaba de levar a um novo recorde de desmatamento”; uma das fontes ouvidas pelo repórter define a ministra da Agricultura como a “face respeitável desse governo de loucos furiosos”

Por Alceu Luís Castilho

A edição deste fim de semana do jornal francês Le Monde traz um perfil da ministra da Agricultura, a fazendeira sul-mato-grossense Tereza Cristina. Título: “Tereza Cristina, la « Mme déforestation » de Jair Bolsonaro”. Ou seja, ela é definida como a Senhora Desmatamento do presidente de extrema-direita. Subtítulo: “A temível e influente ministra da Agricultura do Brasil é uma dama de ferro dedicada ao agronegócio, cuja política acaba de levar a um novo recorde de desmatamento”.

Ministra é definida como figura mais influente do governo. (Foto: Wilson Dias/Agência Brasil)

A expressão “dama de ferro” costumava ser utilizada para uma das mulheres mais influentes da história política mundial: Margareth Tatcher, primeira-ministra do Reino Unido entre 1979 e 1990. Nos dias de hoje, não raro é relembrada para definir a chanceler alemã, Angela Merkel.

Com essa associação direta de Tereza Cristina ao desmatamento o jornal francês — um dos mais influentes do mundo — deixa de lado uma narrativa, muito comum na imprensa brasileira, que associa as políticas ambientais do governo apenas ao ministro do Ambiente, Ricardo Salles, aquele que falou de aproveitar a pandemia para “ir passando a boiada”, diante do que considera uma tranquilidade da imprensa em relação à sua pasta.

Uma das fontes ouvidas pelo repórter Bruno Meyerfeld, sem se identificar, define a ministra como a “face respeitável desse governo de loucos furiosos”.

Um dos coordenadores do De Olho nos Ruralistas, Bruno Stankevicius Bassi, foi ouvido para ajudar a elaborar o perfil, que se desenha a partir de uma foto clicada pela Reuters: vestida de forma discreta, ela abre a porta e faz menção de sair dela. Ao lado, uma bandeira do Brasil.

Tereza Cristina costuma ser listada como um dos ministros de Bolsonaro com mais chances, após as saídas de Sergio Moro e de dois ministros sucessivos da Saúde, de perder o cargo. Saiba mais aqui: “Sob ataque do Gabinete do Ódio, Tereza Cristina participa de ato contra a democracia“.

‘POLIDA, TEREZA POUCO LEMBRA SEU CHEFE’

O texto do Le Monde começa informando que a cifra caiu em plena pandemia, de forma assustadora: 55%. “Não se trata do número de mortes da Covid-19, mas sim da explosão do desmatamento na Amazônia brasileira desde o início do ano”. A destruição, em quatro meses, de 1.202 quilômetros quadrados de floresta tropical é comparada à supressão de 1.400 campos de futebol por dia.

“Por trás desses dados há um homem, claro, Jair Bolsonaro”, diz o jornal. “Mas também uma mulher: Tereza Cristina, 65 anos, toda-poderosa ministra da Agricultura e, sem dúvida, a figura mais influente do governo de extrema-direita”.

O repórter faz ainda uma comparação entre o estilo dela e o do presidente: “Polida, precisa, atenciosa, com seu tamanho — 1m56 — e seus óculos sérios, Tereza pouco lembra seu chefe”.

O perfil de Tereza Cristina, ex-presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), foi publicado na M, “Le Mag”, abreviação da palavra “magazine”, a revista do Le Monde. Está restrito a assinantes. Embora o texto já tenha sido divulgado nesta sexta-feira, trata-se da edição do sábado (30).

Texto sobre a ministra está na edição do fim de semana do Le Monde, com data do sábado. (Imagem: Reprodução)

A origem em uma família latifundiária do “muito rural” Mato Grosso do Sul é mencionada pelo jornal. Para entender melhor esse tema, leia esta reportagem publicada no ano passado pelo De Olho nos Ruralistas: “Avô da ministra da Agricultura entregou terras para grandes empresas no MT e encolheu Parque do Xingu“.

Imagem principal (Reprodução): site do Le Monde divulga reportagem da revista Le Mag sobre Tereza Cristina.

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