América do Sul perdeu 30% de suas áreas selvagens desde 1990

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(Foto: Fábio Pontes/Amazônia Real)

Estudo australiano publicado pela revista Current Biology recomenda limite à expansão rodoviária, extração de madeira, mineração e “operações agrícolas de larga escala”

Um estudo publicado ontem na revista Current Biology mostra que a América do Sul foi a região que mais perdeu áreas selvagens desde 1990: 30%. Seguida pela África, com 14%. A porcentagem mundial foi de 9,6%. Seis pesquisadores australianos, um estadunidense e um canadense pesquisaram os dados e fizeram recomendações para políticas globais e locais. O nome da pesquisa é significativo: “Declínio Catastrófico em Áreas Selvagens Soterra Metas Ambientais Globais”.

Os autores não consideram áreas selvagens aquelas que não são habitadas por humanos. E sim as que são mais preservadas – com a presença de indígenas, por exemplo. Coordenados por James Watson, da Universidade de Queensland, eles constataram a perda de 3,3 milhões de quilômetros quadrados em 26 anos. Em 1990, o total de áreas selvagens era de 30, 1 milhões de quilômetros quadrados.

Os pesquisadores não posam de isentos. Recomendam que as políticas públicas foquem nas “atividades ameaçadoras que têm levado à erosão recente das áreas selvagens”: a expansão rodoviária, a silvicultura, a mineração industrial e as operações agrícolas de larga escala. “Metade do desmatamento de florestas tropicais entre 2000 e 2012 foi ilegal”, constatam.

Eles consideram que as ações de conservação deveriam incluir a criação de amplas áreas protegidas, o estabelecimento de corredores de megaconservação entre as áreas protegidas e a autorização para comunidades indígenas estabelecerem suas reservas.

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Em vermelho, áreas selvagens destruídas desde 1990; em verde, as remanescentes

Eles concluem o estudo dizendo que os exemplos positivos, inclusive no Brasil, são poucos. E defendendo ação imediata em larga escala, o que inclui plataformas políticas globais. “A contínua perda de áreas selvagens é um problema global com consequências amplas e irreversíveis para o homem e para a natureza. Se essas tendências continuarem, não haverá áreas selvagens significativas em menos de um século”.  (Alceu Luís Castilho)

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