Projeto “Ameríndios do Brasil”, de Renato Soares, documenta as 300 etnias indígenas do país; uma das tarefas é identificar as mudanças ambientais provocadas por usinas, mineração e agropecuária
Frequentador assíduo do Parque Indígena do Xingu, o fotógrafo Renato Soares está atento à movimentação do agronegócio na região. O projeto “Ameríndios do Brasil” registra o cotidiano das 300 etnias indígenas do Brasil. Em paralelo a isso, ele se propõe a documentar também as mudanças na paisagem, ou seja, os impactos causados pela mineração, pelas barragens e pela agropecuária. O caso do Xingu é exemplar.
“A soja vai até a fronteira, não respeita o limite de 30 quilômetros”, diz o fotógrafo, em entrevista à TV DeOlho, programa quinzenal do De Olho nos Ruralistas. “Está bem nas margens do parque. E ali está virando um deserto”. Ele define o parque – uma área de 2,6 milhões de hectares, onde vivem 5.500 indígenas de 14 etnias – como um oásis, cercado de fazendas por todos os lados. “E está todo mundo de olho nesse oásis”, afirma.
Confira aqui o trecho do programa relativo ao tema:
Um dos proprietários das terras próximas do parque, segundo o fotógrafo, é o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, um dos maiores produtores de soja do mundo. “É assustadora a quantidade de caminhões que entram para levar soja”.
Soares fala também dos agrotóxicos despejados na região. Uma vez, o vento levou o veneno – destinado a uma lavoura de milho – para uma aldeia. Os indígenas reclamaram. E ouviram o seguinte: “Vocês têm de ir para mais longe”.
O relato sobre agronegócio é o segundo trecho desta edição da TV DeOlho. Para ver o primeiro trecho, sobre o projeto Ameríndios do Brasil (que visa registrar as 300 etnias), clique aqui: https://www.youtube.com/watch?v=6p73UMls0dI
LEIA MAIS:
Renato Soares fotografa as 300 etnias do país: “É preciso registrar os sorrisos”