Rondônia tem 106 áreas com conflitos de terra

In De Olho nos Conflitos, Em destaque, Grilagem, Principal, Últimas
Rondônia é uma das frentes de conflitos agrários promovida por Bolsonaro. (Foto: LCP)

Estado teve 30% dos assassinatos no campo em 2016, segundo a Comissão Pastoral da Terra; Ministério Público faz recomendação à polícia contra a criminalização dos movimentos sociais

O superintendente regional em Rondônia do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Cletho Muniz de Brito, disse na terça-feira que o estado tem 106 áreas em situações de conflito, em 23 municípios. São 8.759 famílias acampadas. A informação é do próprio Incra.

Rondônia tomou o lugar do Pará como líder em assassinatos no campo. Dois líderes da Liga dos Camponeses Pobres (LCP), Edilene Mateus Porto e Izaque Dias Ferreira, o Paulo, foram assassinados em setembro, em conflito que envolveu diretamente as polícias ambiental, civil e militar. A cabeça de Paulo foi destroçada. Confira aqui: “Casal de camponeses é assassinado em Rondônia; LCP acusa latifundiários“.

O superintendente atribui à licitação de terras públicas durante o período de “colonização” a principal causa das disputas, “uma vez que geraram precariedade na titulação”. O casal foi assassinato em uma área já desapropriada pelo Incra – mas o fazendeiro resiste à decisão.

O governo de Rondônia quer a transferência das terras da União para o estado. A Advocacia Geral da União (AGU), porém, segundo o Incra, “reclama do alto quantitativo de processos e a grande demanda que tem sido decidida equivocadamente na justiça estadual”. O programa Terra Legal, de regularização fundiária, cancelou 41 títulos. Outros 18 estão para ser cancelados.

A reunião de terça-feira teve a participação da subprocuradora-geral da República, Deborah Duprat,  de representantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), da Comissão Pastoral da Terra (CPT) e do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB).

SÃO OS FAZENDEIROS QUE INVADEM

“As populações tradicionais de Rondônia têm suas terras impunemente invadidas, tomadas por grandes posseiros e ameaçadas de morte”, disse o representante da CPT, Josep Iborra Plans. Deborah Duprat observou que já há jurisprudência no Superior Tribuna de Justiça (STJ) de que o movimento social não pode ser criminalizado “e sim o CPF de quem cometeu a prática delituosa.”

A CPT informa que, nos primeiros nove meses do ano, 16 dos 47 assassinatos no campo no Brasil – 30% do total – ocorreram em Rondônia. Em nota pública divulgada em setembro, a Pastoral lembrou que, em 2015, 21 pessoas foram assassinadas no estado – o maior número desde 1985.

“Corre a notícia de uma lista com nomes de integrantes da LCP a serem executados”, diz a nota. “Dos dez nomes desta lista, apenas dois ainda estão vivos”.

O Ministério Público Federal fará recomendações à Secretaria de Segurança e à Polícia Militar, no caso de ações de reintegração de posse, para evitar que haja criminalização dos movimentos sociais.

You may also read!

Prefeito de Eldorado do Sul terraplanou terreno em APA às margens do Rio Jacuí

Empresa em nome de sua família foi investigada pelo Ministério Público após aterrar área de "banhado" da Área de

Read More...

Expulsão de camponeses por Arthur Lira engorda lista da violência no campo em 2023

Fazendeiros e Estado foram os maiores responsáveis por conflitos do campo no ano passado; despejo em Quipapá (PE) compõe

Read More...

Estudo identifica pelo menos três mortes ao ano provocadas por agrotóxicos em Goiás

Pesquisadores da Universidade de Rio Verde identificaram 2.938 casos de intoxicação entre 2012 e 2022, que causaram câncer e

Read More...

Leave a reply:

Your email address will not be published.

Mobile Sliding Menu