Povos Guarani utilizaram 639 plantas da Mata Atlântica

In De Olho no Ambiente, Em destaque, Principal, Últimas

Arqueólogos da Universidade Federal de Pelotas demonstram complexidade do manejo agroflorestal feito pelos indígenas, em rede, ao longo dos séculos

Uma pesquisa arqueológica da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) mostra a riqueza da relação dos povos Guarani com o ambiente no sul de Santa Catarina. Em artigo publicado na revista do Laboratório de Antropologia e Arqueologia, cinco autores identificaram a utilização de 639 espécies, pertencentes a 108 famílias botânicas. Confira aqui: “Ecologia Histórica Guarani: As plantas utilizadas no Bioma Mata Atlântica do litoral sul de Santa Catarina, Brasil (Parte 1)“.

Os pesquisadores se basearam em fontes históricas e etnográficas. Constataram que as maiores porcentagens de utilização estão relacionadas à alimentação, medicina e matéria-prima. “Resultados sugerem uma estreita interação entre os Guarani e a Mata Atlântica, com fortes evidências de que o seu modelo de manejo agroflorestal foi intensamente aplicado na área por mais de 500 anos”, dizem eles no artigo.

(Fonte: Universidade Federal de Pelotas)
(Fonte: Universidade Federal de Pelotas)

Mais de 4 ml sítios arqueológicos comprovam a ocupação do sul do país pelos Guarani. Os arqueólogos relatam uma vasta rede de aldeias autônomas, não isoladas, sempre no meio da mata. Essa rede cresceu por 2 mil anos e “começou a colapsar a partir da chegada dos europeus”, que levaram as doenças infectocontagiosas que esvaziaram as áreas de ocupação – particularmente o litoral.

Segundo os pesquisadores, o modelo agroflorestal Guarani no litoral sul catarinense colaborou diretamente na biodiversidade. Não havia um ambiente intocado quando chegaram os europeus. Povos como os Guarani e Tupinambá geriam os ambientes de forma a conectar as aldeias, sempre dentro do bioma Mata Atlântica. (Alceu Luís Castilho)

You may also read!

Conheça a máquina de lobby contra projetos de lei que proíbem pulverização de agrotóxicos

Com fundo de R$ 1,3 milhão para atuar nas casas legislativas, Sindicato das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag) tem

Read More...

Acampados à beira da GO-210, agricultores do MST lutam contra agrotóxicos

Camponeses do acampamento Leonir Orback relatam episódios de intoxicação por pesticidas; lista de produtos encontrados na água e no

Read More...

Cem anos de Elizabeth Teixeira = cem vezes a necessidade de pautar a reforma agrária

De Olho nos Ruralistas disponibiliza ao público o documentário “Elizabeth”, de 2023, sobre a líder camponesa; curta foi premiado

Read More...

Leave a reply:

Your email address will not be published.

Mobile Sliding Menu