Agrotóxicos: retrocesso pode vir após a ressaca eleitoral, diz pesquisadora do Idec

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Nishimori,relator do PL do Veneno. (Foto: Divulgação)

Em debate sobre eleições e comida, realizado pelo observatório na quinta-feira, Ana Paula Bortoletto apontou risco de aprovação de lei antes da posse do novo presidente

Por Leonardo Fuhrmann

O Brasil pode ter um importante retrocesso na sua política de agrotóxicos antes mesmo da posse do novo presidente eleito, no início de 2019. O alerta foi feito pela nutricionista Ana Paula Bortoletto, do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), durante o debate “Democracia ou Agronegócio?”, promovido por De Olho nos Ruralistas, Outras Palavras e O Joio e o Trigo na quinta-feira (27), em São Paulo.

De Olho, Outras Palavras e O Joio e o Trigo promoveram debate em SP. (Foto: Michelle Coelho/De Olho nos Ruralistas)

Participaram também do encontro um dos coordenadores nacionais do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), Gilmar Mauro, Rafael Versolato, do Instituto Chão, e Susana Prizendt, da Campanha Permanente contra os Agrotóxicos e pela Vida. Guilherme Zocchio representou O Joio e o Trigo. A mediação foi de Alceu Castilho, coordenador do De Olho nos Ruralistas. O debate foi realizado no Ateliê do Bexiga.

O risco não está apenas no PL do Veneno, que flexibiliza o uso de agrotóxicos. Ana Paula teme a aprovação de nomes indicados pelo presidente Michel Temer (MDB) para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que podem liberar para o uso no Brasil de agrotóxicos proibidos em outros países. O atual presidente, William Dib, foi escolhido por Michel Temer em 2016 para fazer parte da agência e nomeado no mês passado o comando da agência. É apontado como aliado da indústria dos alimentos multiprocessados.

Em agosto, Temer indicou para a direção da agência Sérgio Dias, ex-presidente da Fundação Nacional de Saúde (Funasa). Ele é parente do marqueteiro de Temer, Elsinho Mouco, e do atual ministro das Cidades, Alexandre Baldy. Seu nome ainda precisa ser aprovado pelo Senado. “É um temor maior porque alguns dos senadores que vão aprovar ou rejeitar o nome podem ter sido derrotados nas urnas e não ter mais o mesmo compromisso com o eleitor”, afirmou a nutricionista.

Outro temor da especialista se relaciona à proposta que muda a rotulagem dos transgênicos. O relator da proposta é o senador Cidinho Santos (PR-MT), ruralista e suplente do ministro da Agricultura Blairo Maggi.

SÓ TRÊS CANDIDATOS FALAM DE COMIDA

Gilmar Mauro recomenda evitar provocações. (Foto: Michelle Coelho/De Olho nos Ruralistas)

Dirigente do MST, Gilmar Mauro considera que a esquerda precisa estar atenta para manter a consciência política dos militantes independentemente dos processos eleitorais. Para ele, a luta por mais assentamentos e pela reforma agrária vai continuar independentemente do resultado das urnas. “Não vamos cair nas provocações do candidato Jair Bolsonaro (PSL)”, afirmou. “O que não for resolvido pela vida, não será resolvido pela morte”.

Susana Prizendt destacou a necessidade de conscientizar as pessoas sobre o modelo de produção dos alimentos, que impacta a todos: “Não é só uma questão de ter dinheiro para comprar o produto livre de agrotóxicos. É de garantir a qualidade da água para a produção desse alimento”.

Autor de reportagem sobre o tema alimentação nos planos de governo, Guilherme Zocchio informou que apenas três candidatos colocaram a questão do direito à alimentação em seus programas: Fernando Haddad (PT), Marina Silva (Rede) e Guilherme Boulos (PSOL). “Vivemos um momento de ameaça de retorno da fome, ao mesmo tempo em que existe um aumento de doenças relacionadas ao consumo excessivo de superprocessados”, disse.

Segundo Rafael Versolato, a qualidade da alimentação precisa ser discutida na cadeia de produção: “A diversidade nas formas de produção e nas variedades dos produtos faz parte do patrimônio cultural do povo”.

Falando em nome do observatório, Castilho destacou a preocupação com a composição do próximo Congresso e com o perfil dos governadores que serão eleitos. “Tivemos a aprovação de uma agenda regressiva dentro do Congresso Nacional durante o governo Temer, com a participação ativa da bancada ruralista”, afirmou. “Não há nada que indique uma diminuição no número de integrantes dessa bancada. Sem falar no grande número de governadores ligados ao agronegócio que devem ser eleitos”.

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