Delfin diz que preservará vales e fará supressão de 34,2% de Chapada na Bahia

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Armazém da Cargill fica dentro do empreendimento. (Foto: Divulgação)

Administradora do Condomínio Cachoeira do Estrondo obteve autorização para devastar 24.732 hectares, área maior que Recife; em nota enviada ao De Olho nos Ruralistas, empresa argumenta que possui licença legal para desmatar até 80% da vegetação

Por Mariana Franco Ramos

Em resposta a reportagem do De Olho nos Ruralistas,  a Delfin Rio S/A — administradora do Condomínio Cachoeira do Estrondo, no oeste da Bahia — informou que possui licença legal emitida pelo Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) desde 2015, após seguir o trâmite de todas as etapas e estudos solicitados. A empresa argumenta que recebeu, inclusive, parecer favorável do Ministério Público do estado em 2018, quando houve questionamentos semelhantes por parte de terceiros.

Confira aqui a notícia publicada no sábado (04) pelo observatório: “Geraizeiros cobram Rui Costa sobre licenças para desmatamento gigante expedidas a sojeiros“.

“A ligação dos vales do Rio Preto e Rio Riachão continua mantida, já que a supressão ocorrerá em apenas uma parte da área da Chapada, com a preservação da vegetação integral dos vales”, afirma a empresa, em nota. De Olho nos Ruralistas contou que comunidades tradicionais da região cobravam do governador Rui Costa (PT-BA) o motivo da autorização, correspondente a 24.732 hectares de vegetação nativa. A Delfin possui longo histórico de grilagem, desmatamento ilegal, violência e até trabalho escravo.

Empreendimento fica em Formosa do Rio Preto, no oeste da Bahia. (Foto: Divulgação)

“Apesar de, por lei, poder suprimir até 80% da área em questão, a Delfin Rio S/A planeja suprimir 34,2% da área, portanto menos da metade da área permitida pelas autoridades competentes”, completa a nota. A companhia pertencia ao empresário Ronald Guimarães Levinsohn, morto em janeiro de 2020, e que se envolveu em vários escândalos, como o caso Delfin, nos anos 80. Segundo informações do serviço MapBiomas e relatos das populações locais, já foram destruídos 3 mil hectares.

De acordo com a nota, o que aparece nas imagens registradas pelo Greenpeace são aberturas dos corredores para afugentamento da fauna, que estão sendo acompanhadas por uma equipe multidisciplinar obedecendo as condições da licença ambiental. “É importante acrescentar que serão aplicadas todas as medidas mitigadoras e compensatórias previamente acordadas com os órgãos competentes”, prossegue.

EMPRESA SE DEFENDE DE ACUSAÇÕES DE EXPLORAÇÃO DE TRABALHADORES

Quanto às questões trabalhistas identificadas em 2006 e relembradas pelo observatório, a Delfin rebate que foram “prontamente sanadas e, desde então, as empresas do empreendimento seguem rigorosamente regularizadas em relação às normas trabalhistas e de segurança do trabalho”. Naquele ano, as Fazendas Indiana e Austrália, que cultivam algodão e soja no Condomínio Estrondo, entraram simultaneamente na “lista suja” do trabalho escravo, cadastro do governo federal que lista infratores flagrados explorando esse tipo de crime.

A Delfin completa que sua propriedade está legalmente constituída desde 1981, com registros no Cartório de Registro de Imóveis, Receita Federal, Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e em cadastros ambientais. O mesmo posicionamento foi dado ao jornal O Expresso e replicado pelo De Olho ao publicar a notícia sobre a autorização para desmatamento.

Herdeiras do espólio de Ronald Levinsohn, as irmãs Claudia e Priscilla são personagens assíduas de encontros da aristocracia carioca. Além da Delfin, são donos do empreendimento a Colina Paulista S.A e a Cia Melhoramentos do Oeste da Bahia (Cemob), também da família Levinsohn. Conhecido como Agronegócio Estrondo, o empreendimento conta com a participação de mais vinte pequenas empresas.

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