De Olho nos Ruralistas comemora um ano com debate sobre governo Temer

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Nilson Leitão, presidente da FPA, com Temer e Blairo Maggi.

Observatório foi lançado em setembro de 2016; Chico Whitaker, do IV Tribunal Tiradentes, Larissa Bombardi, da USP, e Gilmar Mauro, do MST, discutirão a onda de retrocessos socioambientais

Um observatório jornalístico sobre agronegócio no Brasil, o De Olho nos Ruralistas comemora um ano nesta terça-feira (05/09). O aniversário marca também o lançamento da editoria De Olho nos Retrocessos, no ar desde o dia 15 de agosto, por meio de um debate sobre os retrocessos sociais e ambientais do governo Temer.

O evento será realizado em São Paulo (Rua Conselheiro Ramalho, 945, Bexiga), a partir das 19 horas. Antes do debate será feita uma exibição do documentário “Sem Clima“, sobre bancada ruralista e mudanças climáticas, lançado em março. O cadastro para receber o boletim De Olho nos Retrocessos dá acesso ao filme.

Os convidados da mesa são o arquiteto e ativista Chico Whitaker, a professora Larissa Bombardi, da Universidade de São Paulo (USP), e Gilmar Mauro, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), sob a coordenação do jornalista Alceu Luís Castilho, coordenador do observatório.

OS DEBATEDORES

Chico Whitaker, fundador do Fórum Social, na entrega do Prêmio Nobel Alternativo, em 2006.

Ligado à Comissão de Justiça e Paz da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Chico Whitaker foi vereador em São Paulo e um dos fundadores do Fórum Social Mundial, em 2001. Em 2006 ele venceu o Prêmio Nobel Alternativo, uma distinção oferecida pela Right Livewood Award, do Parlamento Sueco. Ele é um dos organizadores do IV Tribunal Tiradentes, que julgará simbolicamente o Congresso no dia 25 de setembro.

Larissa Bombardi é professora do Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo (USP). Entre as suas linhas de pesquisa está a geografia agrária, em particular – e mais recentemente – pesquisas sobre o uso de agrotóxicos no Brasil. Ela adianta que falará sobre os projetos de lei que discutem o tema no Congresso.

O MST será representado por um de seus coordenadores nacionais, Gilmar Mauro. O movimento é uma das organizações que apoiam o De Olho nos Ruralistas. Um de seus coordenadores nacionais, João Pedro Stédile, gravou um vídeo solicitando doações para a campanha de assinaturas do observatório, De Olho nos Mil Parceiros. Ele considera o material produzido essencial para quem pesquisa sobre questão agrária.

OBSERVATÓRIO EM CRESCIMENTO

O De Olho nos Ruralistas foi idealizado em 2013 durante o ciclo de debates “Partido da Terra”, que leva o nome de um livro sobre políticos ruralistas (Contexto, 2012) escrito por seu coordenador, Alceu Castilho. Naquele ano e em 2014 foram realizados programas-piloto que reuniam notícias sobre o universo político e econômico do agronegócio, com ênfase nos impactos sociais e ambientais.

No ano passado Castilho e o coordenador de Projetos do observatório, André Takahashi, decidiram fazer um crowdfunding, com apoio de Outras Palavras, da TV Drone e de outros parceiros (como a jornalista Patricia Cornils), para colocar o projeto no ar por pelo menos seis meses. Essa meta mínima foi atingida e possibilitou o salto para a campanha de assinaturas, iniciada no fim de março. A meta de mil parceiros ainda não foi atingida. Hoje o projeto tem cerca de 430 doadores, ainda distante do objetivo de mil assinantes.

Essa verba obtida por assinaturas é necessária para a manutenção do projeto principal, que consiste num portal na internet, com notícias, reportagens e vídeos sobre os temas agrários – o que inclui ambiente, alimentação, questão indígena, conflitos no campo. Quem doa a partir de R$ 25 por mês recebe, diariamente, pelo menos um destes quatro boletins: De Olho no Ambiente, De Olho no Agronegócio, De Olho na Comida, De Olho nos Conflitos. Os que assinam por R$ 12 mensais recebem, às sextas-feiras, uma seleção dessa seleção, o boletim semanal De Olho nos Ruralistas.

PROJETOS ESPECÍFICOS

Em paralelo ao projeto principal, o De Olho nos Ruralistas desenvolve trabalhos jornalísticos específicos. Em 2016, uma verba da Escola de Ativismo possibilitou a realização do documentário “Sem Clima – uma República controlada pelo agronegócio”. O filme foi um dos 28 selecionados pelo Cine Agroecologia, que será realizado durante o Congresso Brasileiro de Agroecologia, em Brasília, entre os dias 12 e 15 de setembro.

Em novembro a equipe do De Olho foi expulsa da sede da Frente Parlamentar da Agropecuária.

Durante a realização desse documentário, a equipe do observatório foi expulsa da sede da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), mantida em Brasília por entidades do agronegócio, embora a reunião-almoço (realizada todas as terças-feiras) seja aberta à imprensa e os jornalistas tenham se limitado a fazer perguntas. A Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) incluiu o episódio em seu relatório anual sobre violações à liberdade de expressão em 2016.

A editoria De Olho nos Retrocessos funcionará temporariamente até o dia 16 de novembro, com o apoio financeiro da Fundação Heinrich Böll. Ela se propõe a detalhar algumas medidas do governo federal e do Congresso que atingem frontalmente direitos sociais e ambientais garantidos na Constituição de 1988 – ou mesmo anteriores a ela. Esse projeto inclui outro boletim semanal, distribuído na quinta-feira aos assinantes e a quem mais queira se cadastrar, neste link.

VEM AÍ O ‘DE OLHO NO PARAGUAI’

Ainda em setembro outro projeto irá ao ar: o De Olho no Paraguai, sobre a ação dos latifundários e do agronegócio brasileiro no país vizinho. Serão seis semanas de reportagens sobre o tema, organizadas em um site especial, com o apoio da Fundação Rosa Luxemburgo.

Documentário fala sobre bancada ruralista e mudanças climáticas: é com eles que o mundo vai?

A equipe para a produção do site, dos vídeos e dos boletins é mantida com a contribuição dos assinantes. A meta de mil parceiros é importante para que o observatório consiga manter uma estrutura mínima, editorial e administrativa, com uma cobertura regular de sua temática, e ainda consiga alguma verba para viagens e outros projetos especiais.

A percepção do observatório é a de que há uma desproporcionalidade nas noticias sobre o campo brasileiro. Um dos exemplos dessa distorção é a campanha “O Agro é Pop“, da Rede Globo, com o patrocínio do grupo JBS. Por conta disso o De Olho – que se define também como um observatório da imprensa – prepara também um livro sobre imprensa e questão agrária, escrito por seu coordenador, que será lançado em 2018.

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