Sexto vídeo da série sobre o massacre destaca o papel da imprensa na propagação de mentiras e desinformação, a partir dos interesses políticos e econômicos de SBT, Record e companhia; profissionais que se dizem jornalistas fazem o jogo dos patrões
Por Alceu Luís Castilho
O que jornalistas como Alexandre Garcia, Augusto Nunes e Constantino ou apresentadores como Ratinho, Siqueira Jr. e Sílvio Santos têm a ver com o genocídio em curso no país? Em vez de prezarem o interesse público na busca e organização de informações sobre a Covid-19, eles divulgam notícias falsas e promovem o negacionismo. Ao apoiarem explicitamente um presidente de extrema-direita e desprovido de escrúpulos, Jair Bolsonaro, eles se tornam cúmplices em sua cruzada genocida.
O sexto vídeo da série De Olho no Genocídio, “Imprensa Cúmplice“, mostra que, por trás de cada jornalista à frente das telas, estão os donos dos veículos, todos a aplaudir o presidente, a negar a eficácia de medidas como o lockdown e a apoiar medicamentos nocivos para o tratamento da doença, como a cloroquina e a ivermectina. Tudo isso em nome do lucro. Essa imprensa que combate uma quarentena efetiva é a mesma que naturaliza a fome e que promove uma agenda financeira destrutiva, em meio às crises econômica e sanitária.
Empresários como Edir Macedo são os vendilhões da informação e da imagem, representantes de uma longa história do coronelismo eletrônico no Brasil, umbilicalmente ligado ao poder político. Esses aristocratas têm como um de seus maiores professores o onipresente Sílvio Santos, sogro do ministro das Comunicações de Bolsonaro, Fábio Faria, e um adulador histórico do poder — da ditadura de 1964 aos tempos atuais.
Confira o vídeo:
DO EXÉRCITO AO MERCADO, VÍDEOS APONTAM PROTAGONISTAS DO MASSACRE
De Olho nos Ruralistas começou a divulgar em abril uma série de vídeos sobre o genocídio em curso no Brasil. A intenção é mostrar os vários protagonistas desse massacre que não é apenas biológico, mas também político, diante de um desgoverno que combina discurso negacionista, incompetência e virulência.
No primeiro vídeo, foi dado um panorama do genocídio em curso pelo governo Bolsonaro, a sua responsabilidade como presidente e a necessidade de mobilização para que ele seja responsabilizado, nacional e internacionalmente: “Brasil precisa se organizar para punir Bolsonaro“.
O segundo vídeo apontou o racismo e o expansionismo expressos desde antes das eleições de 2018 e multiplicado pelo governo em pequenos e grandes gestos, do white power aos projetos de lei contra os povos originários: “Vídeo mostra lógica supremacista do governo Bolsonaro”. Em sequência, um terceiro vídeo apoiou com ênfase a necessidade de um isolamento nacional, rigoroso, eficaz, para estancar o crescimento das mortes no país: “Lockdown amplo e eficaz já é uma emergência“.
O quarto vídeo fala especificamente de um personagem pouco explorado, diante da blindagem feita pela imprensa comercial, sua aliada: o mercado. O capital é peça chave no combate ao lockdown, ou mesmo na difusão do negacionismo, a partir de alguns de seus representantes particularmente gananciosos e inescrupulosos: “É o capital que banca Bolsonaro e o massacre“.
As trapalhadas dos militares estão no sexto vídeo da série: “Perdidos na Selva”. Após a eleição de Jair Bolsonaro, o governo tornou-se cada vez mais militarizado, com tentáculos verde-oliva espalhados por órgãos públicos, estatais e autarquias. Os chefes desses soldados ocupam cargos importantes no governo federal e mantêm como prioridade a manutenção dessa influência — à margem de um eventual objetivo de salvar a vida de centenas de milhares de brasileiros.
O observatório definiu em junho de 2020 sua cobertura da pandemia como uma cobertura de genocídio. A decisão de fazer uma série de vídeos sobre o tema decorre da emergência que vive o Brasil. A posição editorial é clara, em defesa da punição daqueles que comandam a matança.
Em julho de 2020, antes do atual formato audiovisual, estreava a série Esplanada da Morte. Sobre o papel de vários ministros do governo Bolsonaro, entre outros integrantes do governo, como o presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), ou mesmo de outros integrantes do poder público, da Procuradoria-Geral da República ao Supremo Tribunal Federal (STF).
| Alceu Luís Castilho é diretor de redação do De Olho nos Ruralistas. |
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