Conhecido como Tenente, tio de Deltan Dallagnol foi acusado de invadir terras ao lado de “Pedro Doido”

In De Olho na Justiça, De Olho na Política, De Olho no Agronegócio, De Olho nos Conflitos, Em destaque, Grilagem, Latifundiários, Últimas

Leonar, um dos irmãos de Agenor Dallagnol, se apresenta como pecuarista, mas os camponeses de Nova Bandeirantes só o chamam pelo apelido; ele está envolvido em casos de desmatamento, loteamento ilegal e apropriação de terras

Por Leonardo Fuhrmann e Alceu Luís Castilho

Apelidado de Tenente, Leonar Dallagnol é a face mais visível da família em Nova Bandeirantes, município a noroeste do Mato Grosso onde familiares do procurador da República Deltan Dallagnol são grandes proprietários de terras. Segundo relatos de camponeses, enquanto Xavier Dallagnol, advogado, cuida da parte jurídica dos negócios, Tenente, que se apresenta como pecuarista, é aquele que acompanha mais de perto a rotina das propriedades rurais. O motivo do apelido não foi revelado pelos entrevistados.

Em junho de 2016, Tenente recebeu o título de cidadão honorário do município, dado pela Câmara Municipal de Nova Bandeirantes. Na ocasião, foi reconhecido por sua “bravura” e pela condição de “ilustre colonizador”, “grande desbravador”. No documento da homenagem, consta uma versão oficial dos feitos dele, que acaba contando um pouco a história da família de Deltan na região: como uma data possível de chegada, em 1981, e a abertura da estrada que liga a região central do município a Japuranã, onde estão as propriedades do clã.

O pai de Tenente, Sabino Dallagnol (avô paterno de Deltan), também já foi homenageado na localidade. Ele dá nome a uma rua, onde sua cunhada Maria das Graças Prestes, casada com Xavier Dallagnol, possui uma imobiliária, a Japuranã.

Mas a atuação de Leonar Dallagnol em Nova Bandeirantes e em outros municípios próximos tem polêmicas que não cabem na biografia oficial criada na entrega do título. No ano passado, ele respondia a uma ação em que era acusado de ter invadido uma propriedade chamada Chácara Primavera, em Japuranã. Além dele, respondiam à ação homens conhecidos como Laerte de Tal, Pedro Doido e Nego Polaco.

Detalhe de processo envolvendo Leonar Dallagnol, o Tenente, com nome grafado nesta publicação como Leomar. (Fonte: Diário de Justiça do Estado do Mato Grosso/Reprodução)

Em 2010, Tenente se viu obrigado a assinar um termo de ajustamento de conduta (TAC) com o Ministério Público do Mato Grosso. O motivo foi a acusação de destruição da área de reserva legal da Fazenda Aruanã, também na região de Japuranã. Seu irmão Xavier e sua cunhada já foram flagrados pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) com desmatamento ilegal: “Três tios de Deltan Dallagnol figuram entre desmatadores da Amazônia”.

Em Nova Monte Verde, município próximo, Tenente responde a dois inquéritos por loteamento ilegal de terras. Em um deles, o acusado admitiu, segundo o Ministério Público, ser o responsável pelo loteamento Estrela Dalva. De Olho nos Ruralistas confirmou que ele é o único sócio da empresa imobiliária com esse nome, criada em 2016. Ele responde a esse processo com mais oito homens, eles eles o irmão Xavier. Ele foi denunciado no outro inquérito, em março do ano passado, pelo mesmo delito.

De Olho nos Ruralistas procurou em Curitiba o procurador Deltan Dallagnol, que não quis dar entrevista. O escritório de Xavier Dallagnol não respondeu à solicitação da reportagem. Leonar Dallagnol, o Tenente, não foi localizado.

LEIA MAIS:
Incra diz que desapropriação de R$ 41 milhões no MT que beneficiou pai, tios e primos de Deltan Dallagnol foi ilegal
Família Dallagnol obteve 400 mil hectares de terras no Mato Grosso durante a ditadura
Três tios de Deltan Dallagnol figuram entre desmatadores da Amazônia
Tio de Deltan, Xavier Dallagnol foi flagrado em grampo sobre compra de sentenças
Em 2016, prima de Dallagnol ficou em décimo lugar entre maiores beneficiados por recursos agrários no país
Indenização milionária para os Dallagnol no MT foi liberada quando diretor de Obtenção de Terras do Incra era do estado
Na outra ponta do impasse fundiário em Nova Bandeirantes (MT), camponeses se sentem acuados com situação

You may also read!

Expulsão de camponeses por Arthur Lira engorda lista da violência no campo em 2023

Fazendeiros e Estado foram os maiores responsáveis por conflitos do campo no ano passado; despejo em Quipapá (PE) compõe

Read More...

Estudo identifica pelo menos três mortes ao ano provocadas por agrotóxicos em Goiás

Pesquisadores da Universidade de Rio Verde identificaram 2.938 casos de intoxicação entre 2012 e 2022, que causaram câncer e

Read More...

Quem é César Lira, o primo de Arthur demitido do Incra

Exonerado da superintendência do Incra em Alagoas, primo do presidente da Câmara privilegiou ações em Maragogi, onde planeja disputar

Read More...

Leave a reply:

Your email address will not be published.

Mobile Sliding Menu