Saiba quem é Luis Carlos Heinze, o arrozeiro negacionista

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Antes de se tornar o principal defensor de Bolsonaro na CPI da Covid, senador ruralista se tornou conhecido por falas discriminatórias, como a famosa “tudo que não presta”; quarto vídeo da série De Olho no Congresso detalha seus compromissos com empresas do agronegócio

Por Alceu Luís Castilho e Luís Indriunas

Negacionista do clima, negacionista do vírus, negacionista da diversidade, o senador Luis Carlos Heinze (PP-RS) é a mais completa expressão do alinhamento do agronegócio ao governo genocida de Jair Bolsonaro. “Quilombolas, índios, gays, lésbicas, tudo que não presta”, disse o então deputado em 2014. No mesmo ano, em enumeração similar, incluiu os sem-terra. Primeiro, em uma audiência pública no Rio Grande do Sul. Depois, no autointitulado Leilão da Resistência no Mato Grosso do Sul, quando ruralistas se juntaram numa espécie de vaquinha virtual para financiar advogados e milícia armada contra os indígenas.

Ao atacar os povos do campo, Heinze age em prol dos seus próprios negócios — ele mesmo é fazendeiro, arrozeiro —e dos seus financiadores. O quarto vídeo da série De Olho no Congresso, “Heinze, o negacionista” mostra para quem e como trabalha o senador que defende com unhas e dentes o tratamento precoce na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid.

DE SOJEIROS À INDÚSTRIA DE ARMAS, CONHEÇA OS FINANCIADORES DO SENADOR

Os cinco principais doadores de Luis Carlos Heinze na campanha de 2018 que o elegeu senador são poderosos nomes do agronegócio. São eles: Odílio Balbinotti Filho, do Grupo Atto, produtor de sementes transgênicas; Jorge Luiz Silva Logemann e Eduardo Silva Logemann, da gigante da soja SLC Agrícola; Rubens Ometto Silveira Mello, o dono da Cosan, e Wanda Ines Riedi, da I.Reidi, produtora de sementes e insumos.

O agrado ao agronegócio vem em linha com a atuação do parlamentar. Quando deputado foi um articulador para aprovação da regularização dos transgênicos e tentou acabar com o selo que identifica que um produto é transgênico.

A SLC Agrícola foi doadora de Heinze e seus sócios também. (Foto: Divulgação)

Dono de uma fortuna que passou de R$ 1,6 milhão em 2006 para R$ 8,4 milhões em 2018, o senador é proprietário de 1.564 hectares de terras e da Imembuy, que produz arroz. Em 2019, procurou legislar em causa própria, criando um projeto de lei que taxa a importação de arroz.

Em 2014, quando as empresas ainda podiam fazer diretamente doações de campanha, Heinze foi contemplado não somente por doações das grandes do agronegócio como SLC, Bunge, Klabin e Fibria entre outras, mas também pela Associação Nacional da Indústria de Armas.

Para esse setor, ele defende a liberação das armas. Para o conjunto do agronegócio, ele trabalha na defesa da propriedade, mesmo improdutiva. Foi o artífice da medida provisória que congelou as vistorias de áreas ocupadas, em 2011, e, durante a pandemia, fez de tudo para que voltassem as reintegrações de posse, suspensas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

VÍDEOS DETALHAM PAPEL DOS RURALISTAS NA DESTRUIÇÃO

De Olho nos Ruralistas lançou em agosto o projeto De Olho no Congresso, a maior série audiovisual já realizada sobre o tema. Cada pauta destruidora será detalhada de forma a mostrar tanto os impactos sociais e ambientais como também quem ganha com isso. Quem é cada relator e quem o financia, o que pensam os líderes da FPA, o papel de determinadas bancadas estaduais , a quem interessa suas ações — inclusive empresas transnacionais que fazem de conta que são sustentáveis.

O projeto será realizado pelo menos até as eleições de 2022: “Observatório lança série de 30 vídeos sobre bancada ruralista“.

O primeiro vídeo apresenta um panorama geral dessa frente parlamentar: “O que é a Bancada Ruralista“. Com as principais frentes e uma introdução ao universo oculto de quem as financiam. O segundo vídeo, “Passando a Boiada“, mostra a velocidade da aprovação das pautas que interessa a esses atores. Entre elas a nova lei de licenciamento ambiental, um verdadeiro “libera geral”.

O terceiro vídeo da série, “Os Laços do Coronel“, é sobre o presidente da Câmara, Arthur Lira, o chefe da boiada, o homem que dá ritmo ao desmonte em curso. O deputado alagoano ampliou sua influência no Estado, garantindo a nomeação de parentes para órgãos como o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Condevasf).

O debate de lançamento da série de vídeos, no dia 10, apresentou a visão de movimentos sociais sobre a atuação da bancada. Participaram Mariana Mota (Greenpeace), Alexandre Conceição (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra, MST), Saiane Santos (Movimento dos Pequenos Agricultores, MPA) e Regina Bruno, professora da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, com a mediação deste editor.

Criado em setembro de 2016, De Olho nos Ruralistas completou cinco anos e lançou uma campanha massiva de assinaturas. As doações para o observatório, a partir de R$ 12 mensais, ajudam a manter a equipe fixa. Com mais assinantes, o observatório poderá ter uma equipe maior para a própria cobertura do Congresso. Elas podem ser feitas aqui.

Em novembro de 2016, a equipe do De Olho foi expulsa da sede da Frente Parlamentar da Agropecuária, em Brasília, apenas porque seu diretor-executivo decidiu que as reuniões abertas à imprensa estavam interditadas ao observatório. A perseguição à imprensa, uma característica do governo Bolsonaro, tem crescido no Brasil. Por isso a importância de se ajudar a manter este e outros projetos da imprensa independente, que não têm rabo preso com banqueiros.

Para as comemorações, estão sendo publicadas reportagens com um balanço do trabalho do observatório em cada uma das 27 unidades da Federação. Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, São PauloMinas Gerais foram os primeiros. O último vídeo fez um panorama das reportagens sobre o Rio de Janeiro. Além disso, o observatório lançou em setembro o projeto De Olho na Resistência, um programa jornalístico voltado para os povos do campo, inspirado na editoria inaugurada no dia 1º de janeiro de 2019, no início do governo Bolsonaro.

Alceu Luís Castilho é diretor de redação do De Olho nos Ruralistas. |

|| Luís Indriunas é editor do observatório. ||

Imagem principal (De Olho nos Ruralistas/Reprodução): Heinze é defensor implacável do governo negacionista 

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