Conheça as fazendas dos filhos de Fernando Henrique em Botucatu (SP) e o império agropecuário de Jovelino Mineiro, amigo próximo do ex-presidente e sócio de Emílio Odebrecht
Esta é a história de um sociólogo que descobriu o gado, de um ex-presidente que se aventurou pelo universo agropecuário. Com a ajuda de um fiel escudeiro, chamado Jovelino Mineiro, Fernando Henrique Cardoso manteve-se na cena pública após deixar a presidência – com a Fundação FHC, articulada pelo pecuarista – e foi erigindo um domínio privado. Esta é uma reportagem sobre Jovelino e FHC, antigos parceiros de Sérgio Motta em uma fazenda em Buritis (MG), e das sociedades ou conexões recentes entre esses e outros personagens – como Emílio, Marcelo e Maurício Odebrecht.
Vamos contar com detalhes: o advogado do ex-presidente, José de Oliveira Costa, sócio da Fundação FHC, chega a assinar documento em nome de Emílio Odebrecht. Este e Jovelino Mineiro são amigos e sócios em uma empresa de genética. Ambos são criadores de gado. O empreiteiro era um dos presentes no jantar, ainda no governo Fernando Henrique, em que foi criado o Instituto FHC. Costa foi o primeiro a pedir um parecer sobre o impeachment de Dilma Rousseff, para o jurista Ives Gandra Martins. O filho de Jovelino é membro do Movimento Endireita Brasil e diretor da Sociedade Rural Brasileira – que funciona no mesmo prédio que a Fundação FHC.
É a história de um príncipe. Com dois amigos pecuaristas (Jovelino Mineiro e Jonas Barcellos), apontados pela jornalista Mirian Dutra – mãe de um filho que Fernando Henrique assumiu – como financiadores de sua residência na Europa. Uma narrativa sobre jantares e festas com a fina flor da elite brasileira, e sobre complicadas teias empresariais. Sobre as empresas dos Cardoso e de Jovelino em Osasco e Botucatu, e as ligações do pecuarista com o grupo português Espírito Santo. Sobre réveillons em fazendas, sobre a face cultural dessa elite política e agropecuária. Sobre coincidências e conexões, em boa parte ainda ignoradas pela imprensa brasileira.
E tem mais: parte das terras da família FHC em Botucatu está sendo desapropriada pela prefeitura local. Segundo Fernando Henrique Cardoso, essas propriedades custaram R$ 4 milhões. O que diz – ou não dizem – os principais personagens da série sobre tudo isso? Em nome da Fundação FHC quem falou foi o superintendente Sérgio Fausto – que fez questão de abrir espaço para o debate, em entrevista ao observatório. O espaço está aberto a todos os mencionados. Inclusive os que não quiseram falar, como o próprio FHC e seus filhos Beatriz, Luciana e Paulo – os três empresários, donos de um canavial em Botucatu (SP).
A reportagem e os textos são do editor do De Olho nos Ruralistas, Alceu Luís Castilho, que mergulhou nos dados em busca de documentos. Um dos resultados foi a descoberta do local das fazendas no interior paulista. Exatamente para a reportagem no interior paulista – uma das principais da série – o observatório fez uma parceria com a Pavio, especializada em videoreportagens. O repórter Igor Carvalho participou da apuração em Botucatu e ajudou a produzir um vídeo – com imagens aéreas e tudo. Ainda no interior paulista, as fotos do canavial foram feitas por Vanessa Nicolav. O vídeo de 4 minutos pode ser assistido aqui.
Um aviso ao leitor: isto não é uma investigação. Não traz “denúncias”. E sim uma reportagem. Baseada em dados, em pesquisa jornalística. Amadurecida durante um ano e feita a partir, principalmente, de documentos. Aos julgadores cabe julgar. Aos jornalistas, reportar. Relatar informações. Associá-las, costurá-las. Por isso o observatório dividiu esta história em mais de vinte capítulos – ou conjuntos de fatos. De Brasília a São Paulo, de Rancharia (SP) a Paris, de Buritis a Botucatu. Alguns deles ainda serão divulgados nos próximos dias, em uma série especial do De Olho nos Ruralistas. A maioria desses capítulos já está no ar.
A eles: